28.12.15

lado a lado

André Kertész - A Window on the Quai Voltaire, Paris, 1928



Um dia, talvez lá longe, muito longe, nas nossas vidas, venhamos a olhar no mesmo sentido, lado a lado.
Talvez venhamos a olhar em frente, para o mesmo, a querer o mesmo, a amar o mesmo, lado a lado.
Em vez de nos enfrentarmos.
Um dia, talvez, venhamos a querer as mesmas coisas, a dar valor às mesmas coisas, caminhando lado a lado, juntos, com o mesmo passo, até as alcançarmos.
Em vez de caminharmos de costas viradas.
Em vez de nos odiarmos e combatermos. Como inimigos.
Um dia, talvez, queria eu mais perto que longe, venhamos a olhar da mesma janela lado a lado, como tantas vezes o fizemos.
Talvez, apesar de não estarmos juntos, de ombros colados, as nossas mentes os nossos corações, se voltem a unir e não precisem das palavras para se amigar.
Um dia, quero acreditar que amanhã, estaremos por fim, lado a lado, a rir das costas que antes estiveram viradas. 
Estaremos a olhar da janela o que teimosamente, lado a lado, não quisemos ver.





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