24.10.15

O [verdadeiro] problema das mulheres

NORMAN PARKINSON



- Gosto tanto desse vestido, que gira!

- Que giro esse vestido, ficas tão magra!

- Quando olhei nem te conhecia, por causa desse vestido e por estares tão magra...

- Estás tão magra, tens a certeza que está tudo bem?

- Estás tão magra, estás doente?

- Estás magra demais, esse vestido não te fica bem.

- Tão magra, de vestido justo e preto... fica esquisito não achas?

- Vestido preto??? Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa (morreu-te alguém?)?

- Credo. Não gosto de te ver de vestido preto. 



E é isto: uma pessoa começa o dia em altas e acaba em merdas.

Contudo, não obstante, porém, vejo um lado positivo nisto: desperto o lado fashionista no mais insuspeito dos trolhas. 

Em resposta ao título do post - Não, o verdadeiro problema das mulheres não é SÓ sermos invejosas e gostarmos de nos mandar abaixo. O verdadeiro problema das mulheres é sermos tão escrutinadas pela sociedade (cliché real e comprovado).

Pasmem-se mas a maioria destes cometários foram proferidos por... homens.
Tão exigentes connosco  e tão pouco exigentes com eles mesmos... se não fosse irónico, chegava a ser engraçado.


[E isto de ter ficado magra está-me a deixar um amargo de boca porque todos os dias, a toda a hora, as pessoas sentem-se no direito de me dar a sua opinião, quando eu nunca a peço. Nunca pedi. 
E se eu voltar ao que era? Vão ter o quê para me dizer?
Pois...]



23.10.15

Afinal...



Já não vai haver Boom, nem Avante, nem Coliseu...

Vamos assistir ao maior espetáculo do mundo, sem pagar bilhete, e com direito a homem-bala e cãezinhos amestrados mas, convenhamos, já sem grande suspense: O Circo!



22.10.15

"Vamos lá cambada, todos à molhada..."



Eu não percebo muito de política mas...

Juntar o Boom Festival, com a Festa do Avante e um concerto no Coliseu dos Recreios, vai dar uma grande salada russa, não vai?

#oquedizerquandolhesjuntaremasóperasnoSãoCarlos
#lásefoiaFestadoPontal
#chamemoAvôCantigas
#voltaJudasestásperdoado



19.10.15

Palavras matadas




Não escrever

Dá-me vontade de chorar

Mas chorar

Não me devolveu

A vontade de escrever



A prisão que ergui cá dentro

Não deixa as palavras entrarem

Nem deixa as palavras saírem

A prisão que ergui cá dentro

Aprisionou-me a mim

E quem não consegue evadir-se

Daqui

sou eu



Eu culpo as palavras

Que não voltam

Eu culpo as palavras

Que não saem

Mas na verdade

E eu bem o sei

Sou eu que as temo

Sou eu que às palavras

Não tenho voltado



Matei as palavras

Matei

Está matado





13.10.15

Modalidade Olímpica Nacional




Desde as eleições que ando a ouvir, aqui pelos gabinetes do trabalho, colegas meus a ter debates apaixonados sobre o tema.
Na verdade são mais conversas de surdos porque, se eles próprios se ouvissem haviam de perceber que está cada um a falar para seu lado, não ouvem as opiniões uns dos outros, continuam a conversar sem que as frases e raciocínios se articulem num diálogo, não chegam a conclusão nenhuma e, se bem me parece, ninguém quer denunciar o partido que defende mas, pelo sim pelo não, todos falam mal da situação em que estas eleições meteram o país.
Conversa de surdos com muito lume à mistura.
Cheguei rapidamente a esta conclusão do lado de cá da, infelizmente, mui fina divisória do gabinete:

O desporto preferido dos portugueses é: meter lenha.

Podia até passar a modalidade olímpica.
Os portugueses são mesmo, mesmo, bons é a meter lenha e nisto ninguém nos tira a medalha.

E eu aqui a pensar que, se calhar, eu é que estou mal e devia ter mais opinião sobre o assunto - que até tenho - e que devia chegar ali àquele lado e levantar o punho esquerdo e dizer meia-dúzia de alarvidades em tom irado, meter ao barulho as palavras "ladrões",  "aldrabões", "vigarices", "dinheiro", "iguais", "tacho", e a coisa estava composta e eu passava a fazer parte da matilha mesmo que não tivesse dito porra nenhuma. Tal como eles que, espremendo a conversa, também não disseram.
Foi só mesmo falar mal por falar.
Fez-me lembrar aquelas noites de Natal em que está um calor que não se pode na sala mas, como faz parte da tradição, tem de se enfiar lenha a noite inteira na lareira mesmo que aquilo já pareça uma fornalha. Às tantas já nem faz sentido mas continuamos a fazer porque "faz parte".
Aqui é a mesma coisa. Neste meu estimado Portugal - que o é, e não o digo com ironia - temos este espírito tradicionalista de nos agarrarmos a costumes sem sentido e teimarmos em dar-lhes continuidade. Em deixá-los como herança. E isto de meter lenha nos assuntos, qualquer que seja, a par do outro desporto nacional que é ir aos supermercados e centros comerciais aos fins-de-semana, é só mais uma dessas heranças.


[Fátima Campos, muda mas é o nome do programa para "O Recuperador de Calor" ou "A Salamandra" ou "O Lenhador" ou "Portugal a Arder" ou "Vamos deixar de ser parvos e tentar ser produtivos".]