Imagine uma esfera.
Imagine-se dentro dessa esfera.
Pode imaginá-la de vidro. Não queremos que tenha fobias.
Agora imagine que essa esfera é grande.
A grandeza dessa esfera será aquela que a sua imaginação desejar.
Mas seja generoso. Vai ver que não o estou a aconselhar mal.
Agora imagine que coloca mais gente dentro dessa esfera.
Mais uma pessoa. Outra pessoa. Coloque à vontade. Encha-a como se fosse a sua casa.
Com certeza lembrar-se-á de lá colocar primeiro as pessoas que conhece.
Mas sabe que mais: não se mace. Irá perceber que dentro em breve não serão mais que desconhecidos.
Agora imagine que dá espaço a essas pessoas conforme o espaço que desejaria ter para si.
Seja generoso. Dê todo o espaço.
Vai ver que não o estou a enganar.
Vá lá. Dê mais espaço.
Agora imagine que... Enfim, que... Nunca mais sairá dessa esfera.
Ainda considera esse espaço suficiente?
Não será com certeza.
Então agora coloque ainda mais pessoas nessa esfera.
Vai começar a perder espaço. Ganhará, certamente, mais fobias.
Eu disse-lhe que devia ser generoso com o tamanho da esfera.
Agora imagine que está esmagado contra essa esfera.
Esmagado. Sufocado, por todas as pessoas nessa esfera.
Eu disse-lhe que elas também tinham o seu espaço. Eu disse-lhe para ser generoso.
Esqueceu-se, não foi?
Esqueceu-se que cada um dos indivíduos tem o espaço que a si também lhe cabe.
Agora... pense que essa esfera afinal nunca foi sua.
Pense que afinal nunca teve poder para decidir nada dessa esfera.
Pense que afinal era inevitável existirem outras pessoas nessa esfera.
Pense que afinal essas pessoas sempre lá estiveram mesmo que não as desejasse.
Pense que a sua opinião nessa esfera.... nunca existiu.
Pense que o pequeno poder que sentiu ter no início, afinal era só arrogância.
Sente-se sufocado?
Não gostaria de viver numa esfera, pois não?
Então, agora abra bem os olhos... e veja:
Não é nessa esfera que vivemos todos?
O pior é que apenas nos lembramos da esfera em que vivemos quando somos comprimidos contra a sua parede, que nem sempre é de vidro, até nos faltar o ar.
ResponderEliminarUm texto brilhante, como sempre :)
Sim:)
ResponderEliminarConcordo! As paredes não são de vidro- a não ser talvez pela fragilidade com que se podem partir (não a esfera de todos mas, a esfera que todos têm). As paredes são de cimento escuro e sufocante...