Pode-se acordar a meio da noite assustado. Acordar suado de pavor por ter perdido os pensamentos em coisas inenarráveis. Por ter sonhado com outros mundos que nos confundem as ideias e nos fazem acreditar que a realidade é, realmente, aquela que se está a vivenciar no momento. Não há problema em saltar dos lençóis durante a noite e ter de denunciar, a quem dorme ao nosso lado, que algo nos desconfortou. Em verbalizar que tivemos medo e quisemos acordar para nos evadirmos daquele lugar. Alivia abrir os olhos, apalpar a cama, conhecermos o sítio onde estamos e ver a pessoa com quem partilhamos o corpo, ali mesmo, ao nosso lado. Acalma-nos a pulsação ter quem nos coloque a mão na coxa, mesmo que nem nos olhe, dizendo com um simples toque que nos protege.
O que não se pode é acordar com medo durante a noite, querer evadir-se do pesadelo em que se estava, acordando a pessoa que dorme ao nosso lado injustamente. Querer que essa pessoa nos reconforte, sem lhe sermos sinceros. Querer que essa pessoa nos dê muito mais que um simples toque na coxa. Querer aquele beijo acompanhado de um abraço. Desejar um sussurro aconchegado ao ouvido. Entrelaçar as pernas e cada um dos dedos das mãos. O que não se devia era querer tudo isto e não o encontrar.
Não era suposto acordar a meio da noite, ter medo, querermos acalmar-nos, olhar para a pessoa que está ao nosso lado e não sentirmos que é um lugar seguro. O que não está certo, é essa pessoa desconhecer que a encaramos assim e que lhe fazemos esse juízo mesmo que injustamente. O que nunca deveria acontecer, é acordar a meio da noite, ter medo, procurar um lugar seguro dentro de nós e encontrarmo-lo noutra pessoa.
Esta noite acordei. Tive medo. Evadi-me dos meus pensamentos. Fugi dali. Encontrei um lugar seguro dentro de mim. Esse lugar eras tu. Coloquei o meu pensamento em ti e adormeci. Quando acordei lamentei ter de fazer essa viagem até ao lugar seguro que és, quando outro alguém dormia, inocentemente, ao meu lado.
Lamentei que o lugar seguro que és para mim, não pertença a outra pessoa. À pessoa que me ama durante a noite e não sabe que, quando fecho os olhos, é em ti que penso.
É o que é, e não o que seria suposto ser... A tranquilidade começa na aceitação desta premissa, e é bom ponto de partida para dirimir a frequência de pesadelos
ResponderEliminar;)
A minha realidade vagueia pelos pesadelos desde sempre. O que tem variado ao longo dos anos é a companhia que me acalma os despertares ansiosos. Percebi que essa companhia ou torna o momento tranquilo ou pode ser apenas uma extensão do pesadelo. Para já é uma luta que não prevejo vencer.
EliminarExorto para que leias novamente o meu comentário, e talvez apagues a última frase do teu...
Eliminarjust my 2 cents
Ou estou burra... ou estou burra... Não percebi.
EliminarNem o que é que posso ter entendido mal, nem porque é que devia apagar a última frase.
Estávamos apenas a "conversar", right?
Ás vezes acaba-se a divagar...
Sim estávamos... a ""conversar"". Apenas defendo que as pessoas, de um modo geral e não particularizando, devem tranquilizar-se aceitando a realidade como ela é, não encetando uma luta sem fim com elas próprias.
EliminarEstamos de acordo. Mas aceitar que se dorme com uma pessoa e se pensa noutra parece-me meio difícil de digerir com ligeireza, não? Mas tal como disse era uma luta que não previa vencer... o que indicia que não pretendo travá-la.
EliminarBjs
Pois td depende do estômago de cada um... Tínhamos aqui tema de conversa para mtas horas, mas n te vou chatear com isto, vou chat(eando) por aí ;)
Eliminar:) Vai aparecendo. Vamos falando. Bj.
EliminarUps parece-me que estás num dilema mas olha o que o foxos disse esta coberto de razão---
ResponderEliminarSeria dilema se pudesse escolher. Não posso.
Eliminar(gosto de ver por aqui o Mister Charmoso a dar um ar sério por aqui ;) )
Desencontros de almas, de amores, cumplicidades esquecidas ou ignoradas ou mesmo ausentes.
ResponderEliminarBom é mesmo sentir o abraço, molhar o beijo, cruzar a perna e adormecer, de novo, entrelaçados em amor.
:)
Diga-me, do alto da sua experiência, andamos todos desencontrados não andamos?
EliminarE isto não vai melhorar com o avançar dos anos, pois não?
Não me mate toda a esperança mas dê-me alguma luz sobre o assunto :)
A esperança é sempre a última coisa que nos resta, para além dos sonhos, para além da luta, para além da procura, para além da sorte, para além da vida...
EliminarProcure, sonhe, deseje, lute e vamos, um dia, falar de tudo isso, num encontro sobre os desencontros...
:)
...palavras que me obrigam a pensar no que escondo só para mim... porra. não volto cá! ;)
ResponderEliminarnAn
Não, que não voltas!
EliminarO ser humano gosta de sofrer. Volta sempre ao lugar onde penou só para ter a certeza que ainda lhe resta humanidade suficiente para sofrer.
Volta. Volta que estarei por aqui.
ai não volto não! ups... parece que já voltei ;)
Eliminarbeijo,
nAn
E era só isto que precisava ler... obrigada. :)
ResponderEliminarBem vinda Laura!
EliminarParece que não estamos sós... todos queremos coisas diferentes das que temos.
Bjs
É assim, há dias mais difíceis que outros.
ResponderEliminarE esta dicotomia da alma é triste e desgastante.
Um beijo grande,
Ana
A malta vai-se aguentando :)
EliminarBeijos
Às vezes a ansiedade nos nossos sonhos nos tolda o olhar. Tudo parece prescrito, como se a realidade não passasse de uma aparência.. ou um jogo de adivinhas, mas só até ser escrito.. e acordarmos.
ResponderEliminarParabéns, gosto disto.
Beijos.Me
É bem verdade!
EliminarObrigada Me.
Beijos
Há dias que nem sei bem se está ao meu lado aquele que gostaria de acordar após um pesadelo.E tenho tido dias difíceis, estamos numa encruzilhada e há noites com insônia e pesadelos.Uau,este blog me inspira!! Adoro imenso vir aqui! bj
ResponderEliminarNão sei se já lhe disse, mas a Márcia é das presenças mais carinhosas que tenho por aqui. Se um dia tivesse de escolher um leitor para conhecer pessoalmente, escolhia-a a si.
EliminarHoje sabia que ia aparecer. Este texto é a sua cara.
Beijinhos!
Dias, Há muito que sonho em conhecer Portugal,um dia ainda realizarei tal desejo.E quando for com certeza irei encontrá-la em algum café de tua escolha!Obrigada pelo comentário em meu blog! bj
ResponderEliminarAh, esqueci de acrescentar: me percebes de tal maneira que fico a pensar se já não nos conhecemos apesar do oceano entre nós.Será??
ResponderEliminarMárcia, terei todo o gosto em beber um café e ter uma boa conversa, cá ou aí. Quem sabe?
EliminarQuanto a já nos conhecemos... Acabei de comentar com um amigo o que sentia em relação a si... :) Um dia falaremos sobre isso.
Beijinhos.
Após responder ao teu inquérito para ganhar tempo a elaborar mentalmente o meu comentário ao teu post, conclui que o melhor era mesmo comentar pessoalmente... temos pano para mangas!
ResponderEliminarbjs
Olá querida S! Há quanto tempo!? Tudo bem contigo? Novidades? Este fim-de-semana estou por aí, se quiseres combinar um chá, é só dizeres.
EliminarBeijos :)
Dias vá ao meu blog assim que possível.Há uma surpresa para ti.Bjs
ResponderEliminarÓh Márcia... não se faz!
EliminarApeteceu-me chorar...
Obrigada mais uma vez.
É a primeira vez que venho ao blog... Parece-me que irei voltar! É reconfortante saber que não estou sozinha quando sinto o que sinto... Adorei este texto! Muito obrigado Dias!!!
ResponderEliminarBem vinda Dina!
EliminarEspero mais visitas :)
Refúgio divino!
ResponderEliminarA nossa mente?
EliminarO único, tavez... o único.
Neste texto espelhas os medos que me assolam. É bom saber que não estamos sozinhos :)
ResponderEliminarClaro que não. Pelo que vejo somos até muitos :)
ResponderEliminarbelo texto
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