Não encontro uma razão imediata para ler blogs ou sites com os quais não me identifico, ou que nem têm nada a ver com os meus interesses, mas a verdade é que tenho a rotina diária de ver alguns.
Hoje, ao ler um post de um desses blogs, um tanto nada presunçoso e egocêntrico, parei para pensar na visão que temos de nós próprios. Nada de novo, amiúde todos o fazemos, mas voltei a pensar nisso. O que é que nos faz vermo-nos de uma maneira tão distorcida em relação à realidade? Conheceremos a realidade, sequer? A realidade é o que nós vemos, o que os outros vêem, ou o que o espelho mostra? Seremos todos iguais: ver-nos-emos todos piores do que realmente somos? Ou ver-nos-emos, apenas, de maneira diferente? Isto parece-me, e apenas esta última questão, que será inevitável que assim seja.
A minha realidade é a maneira como me vejo no espelho. A imagem que ele me devolve. Mas sei que é diferente da imagem que os outros têm de mim (ou então estão só a ser simpáticos, seus filhos da mãe). E essa imagem que eu vejo não é simpática ou, pelo menos, não era aquela que eu gostaria de ver. Há dias - muitos - em que acho que nem sou eu que estou no espelho porque a maneira como me vejo, ou imagino, é mesmo diferente da verdade. Só posso acreditar que há muitas pessoas na mesma situação. No entanto, tenho cá a minha vaidade e não deixo que o corpo seja o meu maior inimigo. Mas também sei que não me ficava nada bem exibi-lo. Dava assim uma ar de quem não se enxerga. E eu enxergo-me.
Mas dizia eu que, ao ler esse blog, pensei na maneira como olhamos para nós e como é bom vermo-nos de uma maneira bonita. Que tranquilizador é. Mesmo que não seja isso que os outros vêem. Porque a autora desse blog, mesmo dizendo que não, que é um horror, que ainda não é o que gostaria de ser, tem de ter uma imagem de si própria muito positiva para se mostrar da maneira que mostra. Também acho que pode ser uma forma de pedir validação e de saber que é aceite pelos outros mas, aos meus olhos, não passa de um exercício de autobajulação. Um polimento de ego. Ao contrário do que deveria, eu só lhe vejo insegurança. Não é uma crítica, é a minha perspectiva.
Depois perdi logo os meus pensamentos para várias pessoas que conheço também com problemas de segurança mas que trilham um caminho oposto: as "invisíveis da sociedade".
As "invisíveis da sociedade" são aquelas pessoas que ninguém sabe que existem porque elas próprias se escondem. Que são umas tristes (de todas as formas que se pode emocionalmente ser), que se escondem por trás de corpos-muito-pouco-danone, e de roupas de tons bege e cinza, que rezam para que o cabelo as escondas e que vêem nos óculos o seu muro de protecção. São pessoas em quem ninguém repara. Elas próprias contribuem para isso. E porque será? É o seu espelho que é diferente dos outros? Será que não têm daqueles espelhos bonitos, que só devolve imagens tranquilizadoras?
Sabemos todos a resposta: é uma questão de auto-estima.
Alguns de nós só vêem o espelho. Outros, como eu, admitindo que o espelho está certo mesmo sem ser muito animador, ainda tenta salvar a coisa, no último minuto, com um batôn, porque a auto-estima não está lá nos píncaros mas também não tem razões para andar deprimida. Também há os que se vêem muito melhores do que realmente são: os ignorantes e felizes e com uma auto-estima do catano. Depois temos os que vêem além do espelho e seguem com a sua vida: os realistas, equilibrados, bem-resolvidos a quem lhes foi ensinado que devemos aceitar o que temos e que, o que temos, é sempre o melhor que poderíamos ter.
E, finalmente, lá estão os "invisíveis da sociedade", de auto-estima agastada, perdida, sem capacidade de ressurreição. E não poderiam estas pessoas, mesmo que se tratem de trambolhos, olhar-se no espelho e verem-se no seu melhor? Verem uma realidade qualquer que não a do espelho e a dos outros? Podiam, claro que podiam, à semelhança dos ignorantes e felizes. Dos que, tão simplesmente, têm auto-estima. Porque no início e no fim de cada dia, quando nos olhamos ao espelho, é apenas disso que se trata: ter auto-estima.
Mas dizia eu que, ao ler esse blog, pensei na maneira como olhamos para nós e como é bom vermo-nos de uma maneira bonita. Que tranquilizador é. Mesmo que não seja isso que os outros vêem. Porque a autora desse blog, mesmo dizendo que não, que é um horror, que ainda não é o que gostaria de ser, tem de ter uma imagem de si própria muito positiva para se mostrar da maneira que mostra. Também acho que pode ser uma forma de pedir validação e de saber que é aceite pelos outros mas, aos meus olhos, não passa de um exercício de autobajulação. Um polimento de ego. Ao contrário do que deveria, eu só lhe vejo insegurança. Não é uma crítica, é a minha perspectiva.
Depois perdi logo os meus pensamentos para várias pessoas que conheço também com problemas de segurança mas que trilham um caminho oposto: as "invisíveis da sociedade".
As "invisíveis da sociedade" são aquelas pessoas que ninguém sabe que existem porque elas próprias se escondem. Que são umas tristes (de todas as formas que se pode emocionalmente ser), que se escondem por trás de corpos-muito-pouco-danone, e de roupas de tons bege e cinza, que rezam para que o cabelo as escondas e que vêem nos óculos o seu muro de protecção. São pessoas em quem ninguém repara. Elas próprias contribuem para isso. E porque será? É o seu espelho que é diferente dos outros? Será que não têm daqueles espelhos bonitos, que só devolve imagens tranquilizadoras?
Sabemos todos a resposta: é uma questão de auto-estima.
Alguns de nós só vêem o espelho. Outros, como eu, admitindo que o espelho está certo mesmo sem ser muito animador, ainda tenta salvar a coisa, no último minuto, com um batôn, porque a auto-estima não está lá nos píncaros mas também não tem razões para andar deprimida. Também há os que se vêem muito melhores do que realmente são: os ignorantes e felizes e com uma auto-estima do catano. Depois temos os que vêem além do espelho e seguem com a sua vida: os realistas, equilibrados, bem-resolvidos a quem lhes foi ensinado que devemos aceitar o que temos e que, o que temos, é sempre o melhor que poderíamos ter.
E, finalmente, lá estão os "invisíveis da sociedade", de auto-estima agastada, perdida, sem capacidade de ressurreição. E não poderiam estas pessoas, mesmo que se tratem de trambolhos, olhar-se no espelho e verem-se no seu melhor? Verem uma realidade qualquer que não a do espelho e a dos outros? Podiam, claro que podiam, à semelhança dos ignorantes e felizes. Dos que, tão simplesmente, têm auto-estima. Porque no início e no fim de cada dia, quando nos olhamos ao espelho, é apenas disso que se trata: ter auto-estima.
Estou a pensar em que categoria me insiro! Na ultima? Acho sinceramente que a minha auto estima precisa de ser trabalhada.
ResponderEliminarDe qualquer das formas, não me apetece seguir blogs egocêntricos ou com muita falta de auto estima, lido com ambos diariamente e pelo menos nos blogs tenho direito de escolher não ler ou não seguir.
Valha-nos isso... :)
bjs
Mas eu gosto tanto de ver e ler pessoas distintas de mim... que lá vou cair.
Eliminar(Eu nem sou mãe sou super fã do Blog da Carlota, imagine-se o que mais vejo por aí :) )
Fizeste-me lembrar um óptimo livro de Pirandello. "Um, ninguém e cem mil"
ResponderEliminarNunca li esse livro e não é muito fácil de encontrar.
EliminarOs Nobel deviam ser como a referência MALM do IKEA: nunca deviam esgotar :)
Pois olha, eu gosto mesmo é de vir aqui, mesmo que não estejas nua, ver-te despir a alma.
ResponderEliminarNão venho aqui às pressas, nem tão pouco com grandes vagares, venho aqui para ler o que é por demais bem escrito.
Só isso.
Se elas se desnudam para se esconder, então mais vale nem ler.
Deixá-las viver.
Continua a escrever.
Já deu para perceber que ando sem vontade nenhuma de escrever, não já?
EliminarAndo sem assunto.
Arranjas-me um assunto?
Dava-me tanto jeito.