Gustav Klimt "Couple in Bed"
Quem
é a pessoa com quem te deitas?
Conheces?
Não,
não te lembres da pessoa que conheceste quando ambos eram jovens.
Aquela
pessoa divertida, adorada por todos os vossos amigos e que enganava todos com a
sua simpatia. Que fazia todos acreditarem no quão perfeita era a vossa união.
Não
penses na pessoa com quem casaste, porque tu o quiseste, num dia de alegria e
de esperanças imaculadas. A mesma pessoa que te saciava na cama sem te prometer
amor mas que preferias iludir num cenário de romance.
Não,
não penses muito nessa pessoa porque, essa pessoa, pode já não existir.
Porventura, poderá nunca ter existido para além das fronteiras do teu
pensamento. Construíste uma imagem do que querias, legitimamente, ter e
vestiste-a na pessoa que encontraste num momento oportuno da vida.
Sim,
podes também ter responsabilidades nisto. A pessoa com quem te deitas era outra
e tu, por cegueira de paixão, revestiste-a de todas as coisas boas que
almejavas mas que, essa pessoa, nunca havia de ter.
Não
te questionas sobre quem é agora a pessoa com quem te deitas?
Não
tens curiosidade de saber onde está a pessoa por quem te apaixonaste?
A
pessoa com quem dormes hoje é a mesma desses tempos mas, já nesses tempo, ela
tinha coisas que não querias ver. Escondeste coisas para não sofreres.
Pela
época da vossa felicidade essa pessoa já nem queria casar mas nunca o soube
dizer. Nunca quis ter descendentes porque nunca sequer o tinha equacionado.
Provavelmente amaldiçoou os dias em que nasceram os filhos de ambos.
Essa
pessoa, de quem guardas a ideia de que amas, já era a mesma que nunca te iria
elogiar a beleza, os feitos e as virtudes. Que nunca pararia para cumprir o seu
papel numa família, na sociedade, no emprego ou entre amigos. Já era a mesma
pessoa que gostava da mentira, da traição e da violência.
Ainda
te lembras da pessoa com quem casaste, aquela com quem dormes?
Não
encontras, lá atrás, sinais da pessoa que é hoje?
Não
te lembras daquelas sombras e daquelas dúvidas que te assaltavam mas fazias por
esquecer?
“Amanhã
vai ser diferente” – Pensavas sempre o mesmo.
Mas
não mudou nada, pois não?
Pior:
Já não tens forças nem encantamento para lhe cobrir os defeitos com o manto das
virtudes, pois não?
Nunca,
em todo este tempo, te passou pela cabeça que essa pessoa nunca mudaria?
Tinhas
fé em quem? Em quê?
Que
essa pessoa se transformasse ou que tu te acostumasses?
Hoje,
quando te deitares na cama, olha para o teu lado e vê bem a pessoa com quem
dormes e pergunta-te: “Será que posso voltar atrás e começar tudo outra vez?”.
Este quadro faz-me lembrar outro que tenho na sala.
ResponderEliminarNão precisei de dois segundos para saber do que falas :)
EliminarBjs
Também facilitei. Ainda pensei escrever só "Este quadro faz-me lembrar outro que tenho". Será que chegavas lá?
EliminarBjs
A genética meu caro... a genética.
EliminarPodias nem ter dito nada.
Beijos
Procuro palavras, mas não as encontro. Não sei que escrever.
ResponderEliminarR.
Nada R.
EliminarBasta-me saber que desse lado alguém e sentiu.
Este quadro é comum a muita gente. A mim, assenta-me como uma luva...
ResponderEliminarCuriosamente, a mim não.
EliminarMas retratei uma situação que conheço de perto e me aflige.
E do que vejo, pode viver-se assim por muitos e largos anos... mantendo um sorriso no rosto.
Existem mesmo muitos caminhos para a "felicidade".
Brutal. Felizmente não me assenta. A pessoa com quem durmo tem-se revelado melhor do que era quando o conheci :) (e não, não foi ontem. já passaram 20 anos...)
ResponderEliminarIsso é aquilo que todos desejaríamos ter.
EliminarEu ainda tenho esperança que aconteça :)