28.3.17

Ao que te agarras quando todos te largam?



Aos meus tomates agora em ketchup, verdade.

[Há muito tempo que aprendi a não fazer conta com os dos outros.]




(É engraçado como tinha escrito um texto, há meses, tão extenso sob este assunto e agora, mal li o título, só me ocorreu esta resposta. Tendo-me parecido mais genuíno que a ladainha toda que tinha escrito, apaguei o texto. Todo.)





Buracos e outros esquemas mentais, vá... esquisitos



Gostava muito de sair deste buraco onde me meti.

De voltar a falar e comportar-me como uma pessoa normal.
Eventualmente, até, voltar a ter sentido de humor. A ter vontade de rir, verdadeiramente, sem aquela luz a ligar e a desligar-se como um alarme que adverte "não te rias filha da mãe!!!".
Gostava de endireitar as costas outra vez.
De voltar a escrever. E a ler.
E de não ter dores de cabeça daquelas que me consomem as órbitas.
E era tão porreiro voltar a emanar aquela energia cool que tanta invejinha despertou outrora. Até era bom, vendo bem, que me cobiçassem a personalidade efervescente.
Não parecendo, naqueles dias, em que eu era eu, eu era uma pessoa efervescente.
Agora estou sem gás.
Adorava não ter pena de mim. E de não chorar a olhar-me ao espelho para ter ainda mais pena de mim.
Ah sua estúpida... perderes tempo nisso...
Se pudesse não mudava só a minha relação comigo, nem a minha relação com os outros, mas dava ali uma limpeza de pó à relação dos outros comigo.
Saiu tudo queimado.
Eu fiquei esquizóide* (é fixe ir ver o significado das palavras que pensamos já conhecer) mas as outras pessoas passaram a reagir como se eu fosse uma rotunda: contornam-me.
Tem graça pensar na metáfora mas, na prática, é como se fosses o único da turma que não foi convidado para uma festa de anos... mas sabes que há festa de anos. Ou como se fosses o único que não sabe que tens um enfeite na testa. Ou como se todos fossem pretos e só tu fosses branco e vês que te estão a evitar mas não percebes bem porquê.
Basicamente, é um "eu sei que tu sabes que eu sei". Toda a gente sabe mas é mais fácil fingir que não sabe.
É um jogo.
Há outros melhores, verdade, mas é neste que estou.
E ainda não ganhei a porra de um queijinho...
E depois cai aquele trovão na cabeça e percebo "Ah, gaita, os outros não têm culpa... que chatice... era muito mais fácil".
E sinto-me mais culpada por ter vestido o fatinho de cobradora de emoções.
E estúpida. Outra vez.
Pronto, isto é outra coisa a trabalhar. 
Sair do meu buraco e tentar não cair no dos outros.
Se de vez em quando sorrisse também era nice.
Eu ficava bem a sorrir. Ou melhor, a rir. Ok, já disse isto. Mas é rir às gargalhadas. Aquelas que se ouviam nos Pirinéus (e o corretor orotgráfico diz que Pirenéus é que é... oh f*da-se... isto também não ajuda o meu cérebro a perceber o certo e o errado).
Sentir-me uma leoa com o cio também era fixe para a autoestima e era coisa para me fazer trepar o buraco em três tempos.
Mas nem gata, quanto mais leoa.
E estou a ficar maior, para os lados, e o espelho não tem feito o favor de acompanhar. E pronto. Não é bonito.
Como não é bonito comer pratadas de aveia e achar que faz bem.
E não mexer o bufunfo e olhar para o céu a achar que os Deuses é que andam a mangar comigo.
E trago um vestido de veludo que não me apetecia trazer. Não ajuda. E o cabelo está oleoso... 
É um "tudo eu, tudo eu" que não se aguenta.
E pronto, era isto que temia quando comecei a escrever: perder-me no processo.
Mas metia buraco. Sair dele. Era toda uma teoria que na minha cabeça parecia funcionar.
Parecia mesmo.



*O Transtorno de Personalidade Esquizoide (TPE) é um transtorno de personalidade caracterizado por falta de interesse em relações sociais, tendência a um estilo de vida solitário, frieza emocional e apatia. Indivíduos afetados podem simultaneamente demonstrar uma elaborada e exclusivamente interna atividade imaginária ou demonstrarem uma criatividade significativa.
Embora os termos sejam parecidos, o TPE não é o mesmo que esquizofrenia, apesar de a prevalência do transtorno ser maior em famílias com casos de esquizofrenia, e de ambos terem características em comum, como distanciamento e embotamento afetivo. Alguns psicólogos argumentam que a definição de TPE é inválida devido à presença de um viés cultural.
in Wikipédia


2.3.17

True strory




Atendi um tatuador que me confessou:

- Não tenho nenhuma tatuagem no corpo... porque não gosto de ver...


[Deve ser quase o mesmo que ser padeiro e não gostar de comer pão...
Ou ser bombeiro e não gostar de árvores...
Ou ser dentista e não gostar de dentes...
Ou... já perceberam a ideia...]




1.3.17

Sombras




No gueto da noite
Vêem-se sombras de almas que ainda não foram chamadas
E olham-nos
A querer ser vistas


Eu vi