8.1.12

Os meus sete amantes





No início parecia difícil de conciliar. Aliás, parecia impossível que tal história pudesse ter lugar na minha vida. Mas aconteceu. Parecia complicado manter sete pessoas diferentes nela. Parecia confuso relembrar, a todo o tempo, sete histórias diferentes. Em alguns momentos foi, efectivamente, complicado saber a qual deles disse o verdadeiro nome. A quem menti sobre a idade. A quem aliciei com sexo. A quem disse que queria apenas conversar. A quem dei o mail e a quem dei o número de telemóvel. A quem disse que era do Porto, ou de Lisboa, ou de Cascais, ou de Santarém, ou de Évora, ou de Beja...
Os meus sete amantes têm sete nomes diferentes, vivem em sete cidades diferentes, têm sete profissões diferentes, gosto de cada um deles por razões diferentes, eles adoram-me também por me conhecerem de maneiras diferentes. Os sete complementam-se e completam-me. Por isso preciso de todos eles, e eles sabem disso. E sabem uns dos outros. Apenas talvez não saibam que são sete... E creio que não lhes seja importante saber.
Quando penso no perverso que isto pode ser, e no quão desonesto poderá ser para comigo, para com os meus amantes e, sobretudo, para com os meus princípios, coloco a minha vida em perspectiva e analiso o que tenho feito de errado até agora. Em que é que fui menos boa com os outros e, mesmo que o fosse, porque é que me penitencio como uma criminosa. A esta altura, a consciência de traição ficou lá atrás - nos trinta anos que passei sem viver. Percebo agora que as recompensas nunca me chegaram porque nunca lhes abri a porta. Andei sempre desconfiada que a sorte e a felicidade eram umas traidoras  filhas da mãe, que passavam a vida a virar-me as costas, quando na realidade eu é que nunca as encarei.
Não sou leviana. Não me sinto ordinária. Mas também, o que não sou mais, é a moralista que não me deixava evoluir. Não posso continuar a ser a puritana que nunca tirou dividendos disso.
Chegou a hora de viver. Chegou a hora de deixar que me satisfaçam e me façam feliz das maneiras mais diversificadas que encontrarem, e que a imaginação de cada um permitir.
Os meus sete amantes são tudo aquilo que me fez falta durante uma vida. Sete formas distintas de entrega e paixão. De intelecto e de físico. De romantismo e de sexualidade. De diversão e de formalidade.
Os meus sete amantes são inestimáveis e insubstituíveis, apesar de reconhecer que, em algum momento, uns terão de ser abandonados, e outros tomarão a dianteira de me deixar. Há que aceitar de coração aberto. Afinal não se trata de amor, trata-se de prazer, trata-se de diversão.

Obrigada ao João, ao Rafael, ao Pedro, ao Sérgio, ao Jonny, ao Henrique e ao Ricardo, por me darem tudo o que um homem perfeito teria, se todas as suas qualidades fossem possíveis de concentrar num só.





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