"A herbariologia, ramo da {Botânica} que tem como objectivo o estudo das plantas em herbário, visa contribuir para o conhecimento da biodiversidade vegetal mundial, fornecendo uma colecção de espécimes das populações naturais, que constituem referências científicas, ou que podem ter grande interesse para a preservação e conservação da biodiversidade. O papel desempenhado pelos herbários nos estudos de biodiversidade é cada vez mais reconhecido pelos investigadores. Através de uma enorme base de dados de onde se está constantemente a extrair, utilizar e adicionar informações sobre cada uma das populações e/ou espécies é possível aplicar essa informação nas mais variadas disciplinas, tais como fisiologia, ecologia, agronomia, farmacognosia, etnobotânica, com os mais diversos objectivos: recuperação de áreas degradadas, resistência a pragas, melhoramento vegetal, desenvolvimento de compostos com interesse farmacológico, etc. (...)"
in Wikipédia
A caminho da creche, sugavam-se azedas.
Entre o proibido e o permitido, cheirava a rebeldia arrancar da terra uma pequena flor e sorver-lhe a vida.
A azeda, muito azeda, não nunca me convenceu.
Era azeda, pois então!
Mas já em pequena idade urgia pertencer ao grupo dos meninos que gostava de azedas e, por isso, eu gostava também, mesmo não gostando.
Hoje penso em quantos de nós detestavam sugar as azedas mas que o faziam porque sim, porque tínhamos de ser todos iguais.
A caminho da escola, colhiam-se rosas de Santa Teresinha.
Num arbusto frondoso, que se escapulia por entre o gradeamento de uma casa, a caminho da escola, mesmo antes de lá chegar, eu colhia sempre uma pequena rosa.
Tão pequena que metia graça e lhe traçava a desgraça de ser colhida, dia-sim dia-sim, por mãozinhas curiosas.
Guardava-as nos bolsos do casaco ou dos calções mesmo antes de entrar na escola.
Era uma coisa minha. Ainda hoje o é.
A caminho do ciclo, colhiam-se folhas e mais folhas, ervas e mais ervas.
Sem critério, sem gosto ou não gosto, sem olhar a cor, tamanho ou cheiro.
O herbário de ciências da natureza tinha de ser feito, com todo o rigor mas, mais ainda, com toda a variedade que me fizesse brilhar a sapiência.
"Herbário meu, herbário meu, terá havido alguém mais obcecado por ti do que eu?"
Tivesse a mania de coleccionar folhas ficado por ali e hoje não seria surpreendida pela quantidade de folhas que deixei secar entre páginas de livros.
A cada folha que cai, seca, por entre letras que alguém escreveu, renasce uma memória. Aviva-se uma vida. Viaja-se no tempo, até ao tempo em que eu ainda não sabia o que o tempo era.
A caminho do liceu, tocava-se a erva coberta de geada.
Recordo, mais que um verão verdejante, todos os invernos rigorosos.
A morte das árvores e das flores, a geada que lhes tapava as folhas, o gelo que por hora de um raio de Sol lá deixava adivinhar o que tanto teimada em esconder.
Recordo o momento em que lhes era devolvida a vida. Em que eu as podia voltar a tocar. Recordo as horas, e o olhar parado, recordo, muitas vezes, de as colher e beijar.
Sou uma garota.
ResponderEliminarAinda hoje chupo as azedas. Creio que ninguém se sentiu na obrigação moral de me explicar a vida adulta.
Devo ser a única.
Certa vez, a caminho do ciclo, cedemos eu e uma colega à fisiológica necessidade urinária, no meio do que julgava serem "arbustos". Foi o dia em que descobri o que eram urtigas...
ResponderEliminarAhahah... descobri as hortigas da mesma maneira, já nem me lembrava, mas num acampamento.
ResponderEliminarNão é uma boa história :)
Lá no campo, de onde sou e passei a infância, não se chupavam azedas. Eram antes umas flores pequenas, cor de rosa escuro, quase magenta. Quando se puxava a flor, aparecia o lado escondido, em forma de palhinha. Passava horas a sugar palhinhas, eram super doces. Esta semana revi esse arbusto no jardim do Campo Grande.
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