Regras básicas para gerir uma casa com
pouco dinheiro:
1º
Mantenha sempre a noção de realidade
Nem todos podemos comer bifes do acém ao
pequeno-almoço, almoço e jantar. E se estiver a passar por dificuldades, então,
deve colocar essa hipótese completamente de parte. Não é vergonha nenhuma
comprar asas de frango em vez dos bifes de vaca, mas será uma grande vergonha
ostentar um par de bifes na mão que não conseguiu pagar e mais tarde
lembrarem-no disso.
2º Não viva
acima das suas possibilidades
Se tem 5€ no porta-moedas não olhe para a caixa de
Ferrero Rocher que custa 10€. Quando olhar para a caixa de Ferrero Rocher,
lembre-se que não é isso que alimentará a sua família. Compre antes um frango
com os 5€. Em média alimentará quatro pessoas e se o desfiar e fizer uma
salada, com sorte, alimentará oito. É tudo uma questão de não encher o bandulho
de guloseimas a uns e deixar com fome os outros.
3º Nunca
queira resolver um problema de economia atacando nas finanças
Se não consegue comprar três carcaças hoje, não pense
em resolver isso usando o dinheiro para o leite de amanhã. Só se irá afundar
mais em despesas e continuará sem ter ou as carcaças ou o leite. A ideia é
produzir mais, para poder ganhar mais e, consequentemente, ter mais para
gastar. Daqui por uns tempos até poderá pensar em comprar manteiga para barrar
as carcaças. Quiçá, não conquiste a secção de peixe ou de carne.
4º Faça uma
boa gestão da despensa
Não devemos encher a fruteira de com 5kg de pêssegos,
só porque é a fruta que está em promoção no mercado, quando apenas temos
capacidade para consumir 1kg. Para todos os efeitos, os outros 4kg irão para o
lixo quando, com o preço desse desperdício, poderia ter variado a fruta e, quem
sabe, não se poderia ter dado ao luxo de comprar um abacaxi.
5º Reveja os
prazos de validade com frequência
Não garantir o cumprimento dos prazos pode dar grandes
dores de barriga, já para não falar do desperdício de dinheiro que os mesmos
podem implicar. Investir em artigos quase fora de prazo, mas que são muito mais
baratos, pode ser arriscado e não ter o retorno esperado. Deve analisar bem
esses produtos antes dos adquirir. Já em casa, deve vigiar as datas com
regularidade. Se não o sabe fazer peça a alguém que o faça.
6º Nunca fique
a dever na mercearia
Os merceeiros são uma raça má: apontam tudo num
caderninho. Se não pagar no dia seguinte começam a olhá-lo de lado, se não
pagar ao fim de uma semana proíbem-no de entrar na loja e, se não pagar ao fim
de quinze dias, é difamado por todo o bairro. Depois, sabe o que acontece? A
confiança em si desce, nunca mais ninguém lhe empresta dinheiro, é rotulado de
caloteiro, e se quiser comprar um molho de bróculos na mercearia abaixo da sua,
vão-lhe fazer um manguito.
7º Regateie
sempre o preço
Não raras vezes somos roubados. Ao longo da nossa vida
fomos roubados várias vezes. Balanças descalibradas, códigos de barras
trocados, artigos que passam em duplicado… Por isso, não se iniba de regatear o
preço. Faça bluf. Diga que ainda
ontem pagou menos pelo mesmo artigo; que o vizinho é mais rico e mesmo assim
pagou menos; que o produto não é assim tão bom e que há melhor na concorrência.
Aceitar a primeira opção é mostrar ou riqueza ou desespero. Nenhum dos dois
fará de si um bom gestor do orçamento familiar.
8º Faça trocas
justas com os seus vizinhos
Se um dia oferecer um cesto de laranjas a um vizinho,
pode esperar que, de futuro, ele lhe venha a retribuir com a mesma quantidade
de maçãs. O que não pode, é receber uma banana e oferecer 1kg de papaias. A
isso chama-se déficit. E o déficit é como uma doença prolongada:
nunca acaba bem.
9º Nunca
perdoe uma dívida
Primeiro, porque ninguém lhe perdoaria a si. Segundo,
porque rapidamente se espalharia a notícia de que você é o otário que empresta
e não pede de volta. Terceiro, porque abre um precedente. Se for mole, e não
negociar, o buraco no orçamento ficará apenas do seu lado. Exija que, pelo
menos, a divida seja saldada em garrafas de azeite todos os meses.
10º Crie o seu
próprio sustento
Parado não consegue meter comida na mesa. Trabalhe.
Obtenha um ordenado. Ou melhor, crie a sua própria riqueza e sustentabilidade.
Se tem quintal, plante as suas próprias couves. Mesmo que não as venda, não
dispenda dinheiro a comprar aos outros. Se vive a um passo do mar, pesque o seu
próprio peixe. Mesmo que tenha trabalho a amanhá-lo em casa, pelo menos não
passa pelo ridículo de ir gastar o seu dinheiro em peixe congelado apanhado aí
mesmo à sua porta. Se tem habilidade para alguma coisa, use essa criatividade
em seu benifício. Não dependa de ajudas para concretizar projectos. Não espere
que o resgatem.
11º Nunca
dispense o jardineiro se você não sabe cortar a relva
Não temos de saber fazer tudo. Idealmente sim, mas
nesse caso não existiriam profissões e não existiriam pessoas especializadas em
determinadas áreas. O merceeiro, sabe da mercearia. Por isso tem o seu valor. O
jardineiro, sabe de jardinagem. Por isso tem o seu valor. O canalizador, sabe
de canalizações. Por isso tem o seu valor. Não deixe, portanto, sair de sua
casa quem produz ou o faz poupar dinheiro. Não deixe que o jardineiro vá embora
se não tem quem saiba trabalhar com o cortador de relva. Não deixe o seu filho
sair de casa se for ele o único a saber fazer contas. Não deixe o seu marido
ir embora se ele for o único a meter um ordenado em casa.
12º Nunca
roube
Se roubar, isso significa que esse dinheiro vai faltar a
alguém. Se faltar a alguém, quer dizer que essa pessoa já não poderá gastar o
dinheiro que lhe foi roubado. Se já não vai gastar o que lhe roubaram, quer
dizer que alguém vai deixar de receber esse dinheiro. Quem deixar de o receber,
não vai poder voltar a comprar, a investir, esse dinheiro. Se ninguém comprar,
ninguém vende. Se ninguém vender, não se gera receita. Se não se gerar receita
entra-se em falência. E a falência é sempre, mas sempre, aquilo que se quer evitar.