21.2.11

Os homens que nunca tive



Um pedaço. Outro pedaço. Mais um. Partiu-se-me o coração. E não foste tu. Foram todos os que vieram antes de ti. Tu também o irás querer fazer e eu também irei deixar, porque não serás diferente dos outros e porque me irás prometer as mesmas palavras. Os mesmos gestos. Os mesmos sorrisos. A mesma vontade de me causar a entrega. O mesmo desejo de te fazer desejares-me. A mesma ilusão de que sou especial para ti e para o mundo. Mais uma vez vou querer sofrer porque isso faz parte de amar. Da equação que é amar. Absurdo que é querer sofrer quando amo, reconforto-me por saber ser um antilogismo necessário à minha alma que se move pelo extremo das emoções. Vou querer amargurar pensamentos para que não chegues a ser meu. Vou absintiar o peito e a mente para não saber o que é o doce, porque o doce me obstrói as artérias e tolda-me a linearidade do raciocínio. Louca a minha alma por achar que um dia  poderá inverter a equação ditada pelos outros quando sei, que não, não te poderei amar no pleno se tu também não o quiseres. E é por isto, por me punir antes de saber se sentes o mesmo, que não permitirei que tu, e os outros que vieram antes de ti, me possam contemplar. Porque sofro e suspendo os batimentos do peito até sufocar e acabar por desistir de querer respirar o mesmo ar que tu. Sofres-me o peito. Todos fizeram o mesmo. E eu, embriagada por ti, ainda vou querer salvar-me destes pensamentos e fazê-los fugir para o que não é verdade. Porque tu, como todos os outros, não hás-de querer-me. Porque quando chegar o momento de nos abandonarmos nos olhos e nos braços um do outro, tu me irás agrilhoar à realidade e me irás humilhar, para saíres com a mesma máscara com que começaste esta viagem de ilusões. Quando chegar aquele escasso segundo em que nos haveríamos de entregar um outro, depois do tal olhar profundo, tu fingirás que a ilusão foi só minha. Vais fazer-me acreditar até ao suicídio que eu, apenas eu, me entreguei a ti. Que apenas eu sonhei enquanto lutavas por me manter acordada. Que apenas eu sorri com os olhos no encontro com os teus. Que apenas eu te quis tocar com a ponta dos dedos. Que apenas eu te cheguei ao coração. Que apenas eu sonhei de olhos abertos. Que apenas eu projectei ilusões. Que apenas eu. Eu. Eu. Eu. Afinal tu, e todos os que vieram antes de ti, existiram sem mim. Afinal tu, e todos os que vieram antes de ti, não emitiram os sinais que recepcionei.  Apenas eu flutuei quando te desenhava nos meus pensamentos. E tu, e todos os que vieram antes de ti, viveram as emoções de serem adorados sem retribuírem, mas dissimulando essa possibilidade. Deram o vosso ego a amar, como uma mãe que vende a sua filha a um velho repugnante. Arrasando com o amor próprio de qualquer ser. Egoístas. Solipsos. Sórdidos. Nefastos. Poluídos. Dissimulados. Fingidores. Venenosos. Perigosos. Assim foram todos os homens que amei. Assim eram todos os homens que amei mas que nunca tive. Os piores trastes do meu mundo. E por isso os amei. Ainda amo. Sem nunca os ter tido. Sem nunca serem meus. Porque foram os únicos que me fizeram sucumbir às emoções. Mesmo que elas fossem as erradas. Todos os homens que quase tive foram os homens que, afinal, nunca cheguei a ter. Todos os homens que nunca tive, foram todos aqueles que quis muito ter. Porque aqueles que não nunca quis foram aqueles que nunca conheci.
Ganha forças. Ama-me. Não fujas. Não me humilhes. Não sejas apenas mais um dos homens que nunca tive. Entrega-te. A recompensa chegar-te-á sob a forma de embriaguez. Perdidos nos destinos um do outro, desejando perdermo-nos nos caminhos um do outro, no desejo de nos encontramos. Abandona-te a mim. Não sejas apenas mais um dos homens que nunca tive, porque isso, amanhã, vão-me ser recordações amargas, como aquelas que guardo dos outros.



20.2.11

Falta-me a coragem

Hoje hei-de falar dos homens que não tive. Mas, para já, falta-me a coragem.



16.2.11

O rapaz do olho pintado



"Não é necessário saíres de casa. Continua à mesa, ouve. 
Não ouças sequer, espera simplesmente.
Não esperes, sê absolutamente solitário, absolutamente silencioso.
Acredita que o mundo irá oferecer-se para se desmascarar, não pode agir de outro modo; 
sob o teu encanto, desenrolará os seus anéis a teus pés"

Franz Kafka


O rapaz do olho pintado faz anos hoje. E não lhe conheço mais nada. Não sei a sua idade. Não sei o que o move. Não lhe conheço a voz. Não sei quem ele é. Mas tem aquele encanto, que só uma imagem pode ter, e por isso dedico-me à sua contemplação. Uma imagem que não fala, que não se move, que não existe. Não hão-de haver pessoas a agarrarem-se a Deus sem nunca O terem visto? É tudo uma questão marketing. De saber vender uma imagem ou uma ideia. E o rapaz do olho pintado sabe como fazê-lo. Fá-lo tão bem que me encoraja a desejar-lhe os parabéns da melhor maneira que posso e sei, oferecendo algo tão intangível como a sua figura o é para mim: as palavras. Por isso fica aqui um registo de coisas que penso quando sinto a sua proximidade tão distante, sobretudo neste dia de celebração, que nunca saberei se de facto existiu.
Pois não LP, não nos conhecemos. E há coisas que devem ficar sempre assim, suspensas na imaginação. Mas não posso deixar de ficar surpreendida. Não por ti ou pelas outras pessoas. Mas pela vida. Pelo facto de a vida ainda me ensinar o caminho para as pessoas. Desse caminho ser fácil e dessas pessoas, como tu, não o impedirem. Há pessoas que sempre fizeram parte de nós mas não sabíamos por onde andavam. Quando encontramos essas pessoas não sentimos alegria, sentimos conforto. O mesmo conforto de quando nos sentamos debaixo de um telheiro, no calor de uma tarde de Verão, a comer marmelos maduros. A sensação de que, naquela pessoa, conhecemos a frente e o verso, que tudo de surpreendente que diz e faz não o é senão para os outros, por lhe conhecermos tão bem o destino das palavras e das acções. Isto de quando em vez acontece. Mas é mesmo de quando em vez.  
Contigo LP, aconteceu. Encontrei-te. Não fugiste. E hoje estamos aqui. De onde nunca sairemos, mas onde sempre me poderás encontrar. Encontrei uma pessoa de humor invulgar, de um número de amigos para além dos dedos das mãos, de gosto musical ecléctico mesmo que isso não jogue a seu favor, com uma noção de moda incrivelmente ridícula, mas que lhe confere carácter único, e com um desejo idiota de casar quando sabe que o seu espírito nunca se quedará a um só coração. No fundo, venho aqui apenas reconhecer, não te conhecendo, que pareces (e agora vamos ao bom português) um gajo porreiro.
Espero que aceites as minhas modestas palavras como presente, e que compreendas que presentes sentidos só se dão aos amigos, mesmo aqueles que não sabemos quem são.
Obrigada pela simpatia da tua imagem e desse inesquecível olho pintado.
Obrigada por partilhares com o mundo o teu “notável sentido de humor”.


Parabéns!



Depois do horror, voltamos ao amor!






Primeiro, uma curta sobre o amor - o assunto mais "visitado" por aqui - Porque a seguir vai doer.

Estava a demorar, mas não estava alheia à inevitabilidade disto acontecer.
Este problema de viver para dar amor aos outros, soa a estranho e farsola, quando o que é bom é dar uns tiros e ofender as pessoas. Mas eu acredito no bem, no amor e na felicidade. Eu e mais cem mil milhões de pessoas, está visto! Apesar de andarmos todos em negação, no que toca a assumir os sentimentos, na verdade anda tudo desesperado por ouvir falar de amor. Nem vou tecer considerações sobre as razões que levam à necessidade de se ouvir falar disto ou daquilo porque podem ser biliões delas, e agora não tenho tempo, mas tenho de falar (de modo pouco inspirado) dos efeitos secundários que ocorrem quando essa necessidade não é correspondida. 
Era inevitável que o texto "Morre seu filho da mãe, morre" não agradasse a toda a gente... Queriam que continuasse no registo de amor.
Mas se Cristo, que foi Cristo, não agradou a todos, como é que eu havia de o conseguir? Mas obrigada pelo voto de confiança.
Que fui dura, que fui rude, que tenho um monstro cá dentro que grita desenfreadamente para sair pela boca, que tenho problemas para resolver comigo, que tenho problemas para resolver com os outros, que sou má, que sou lixo, que sou o capeta em forma de gente.
Isto faz-me lembrar aqueles epilépticos que insistem em ir a uma festa de transe, ou os cardíacos que forçam um sprint.
Se sabem que têm corações de marshmallow porque é que se obrigam a ler a dureza das minhas palavras? O ser humano gosta de um sofrimentozinho, eu sei. E gosta de chapadas de realismo quando anda desesperado por fugir dele.
Ontem fui dura. Ontem tinha o verbo morrer na boca. 
Ontem, felizmente, também fui rude, e tinha um monstro dentro de mim desesperado por sair pela boca, tinha problemas para resolver com os outros e comigo, fui má, fui lixo e adorei bancar a capeta. 
A-I-N-D-A  B-E-M! 
Se já tivesse a "casa" toda arrumada o que é que eu tinha para fazer nos próximos trinta anos?
Para além disso, estou descansada com a minha pessoa, porque sei que comecei pelos caminhos difíceis: Gostar dos outros de peito aberto. Entregar-me sem medo que me raptem os sonhos. Sonhar acordada, a dormir e em coma.
E hoje? Fazemos as pazes?



Morre seu filho da mãe. Morre.



Toda a gente conhece gente louca. Mas eu acho que conheço mais loucos que toda a gente. Hoje passou por mim o mais louco de todos os insanos que algum dia vaguearão pelo planeta. E ele nem merecia que eu escrevesse sobre ele, mas a sua singularidade arrasta-me o pensamento para si a cada cinco minutos. Nunca vi coisa assim. Nunca mais quero ver. Morre se puderes. Morre se conseguires. Não digo morre se te deixarem, porque antes de o permitirem já te o teriam implorado. Morre e não padeças sobre a terra para não nos contaminares os solos. Vai morrer longe... é frase feita mais que perfeita.
Não te odeio porque não te conheço. Ainda bem. Porque assim, em vez de desejar que desapareças, ia desejar morrer primeiro.
Nem sinto instinto de te matar, por achar-te indigno de tal árdua tarefa. Morrerias às minhas mãos se te amasse por não querer deixar esse trabalho para os outros.
Mas tu, homem mistificado de "coisa", não mereces mais que sufocar sozinho e sem público, para não te restar um segundo de dúvida sobre a falta, que não fazes, à humanidade.



15.2.11

Ressaca

Aos 16 anos dizia, com sentimentos entre o orgulho e a vergonha, que nunca tinha tido uma ressaca. Achava bonito declarar isto quando todos os outros andavam à descoberta dos limites do corpo. Como sempre soube que os meus limites eram logo ali, optei sempre pela postura do "sim, sou saudável, e depois?". Mentirinha foleira, está-se mesmo a ver. A questão é que me faltava a coragem para os excessos com medo de ser apanhada pelos papás ou alguém conhecido deles. Como se não fosse normal aos 16 comportamo-nos como uma pessoa de 16. Mas não. Eu insisti, e às vezes ainda insisto, em viver num corpo de 16 com uma cabeça de 60 e, portanto, aos 16 achava que devia ter uma conduta de uma pessoa idosa... Santa parvoíce! Afinal, agora, percebo que não há condutas de gaita nenhuma indicadas para idade nenhuma. Mas adiante. A descoberta do corpo e dos limites do nosso organismo foi coisa que deixei entrar na minha vida já ia nos vintes e qualquer coisa e, por essa altura, já não achava cool manter uma postura à parte daqueles que se deixavam desgraçar numa noite de copos. Apesar de não ter sido uma coisa agendada,  à semelhança de tantas outras coisas na vida, percebi que tinha de me dar espaço e liberdade para quando uma oportunidade surgisse. O mal foi começar. Claro que houve a primeira noite de copos para além da conta, claro que me enrolei forte e feio com o sexo oposto só porque o calor era tanto que tinha de o acalmar, e claro que a partir daí nunca mais dormi uma noite tranquila. Este suporte de alma, que é o corpo, tem um temperamento lixado e não deixa para lembrar amanhã os erros cometidos hoje. Enquanto o respeitei ele respeitou-me. Quando o pus à prova ele mostrou que a sua dimensão me controla e que eu não sou mais que um monte de células facilmente destabilizáveis. O corpo é um pai educador. Permite que erremos, por mais que lhe custe, para no dia seguinte termos de ser nós a lidar com a situação. Chama-se aprender. Chama-se educar.
No dia seguinte, àquele em que os copos deviam ter tido um limite, o nosso "pai corpo" só vem dizer: "eu avisei-te". É bonito mas não consola. Sabemos que é verdade mas só até passar a indisposição. E já não nos iremos lembrar quando, um tempo depois, o contexto nos empurrar para o mesmo cenário.
A ressaca é lixada, mais para uns que para outros, mas não deixa de ser a madrasta que anda a comer o nosso pai.
Mesmo assim, o meu corpo castiga-me pouco, para os limites a que o sujeito. Hoje estou para morrer. Hoje sinto-me morrer. Estou de ressaca. Já deve ter dado para topar. Estou de ressaca de 40 dias de excessos sem parar. Demorei 40 dias a bater no fundo. 20 pontos para a senhora do cabelo preto! Bela performance!
Depois de 40 dias, sem as 40 noites que lhe respeitam, acordada sem deixar o corpo ter o merecido descanso, estou a ser punida por testar o meu limite.
Pois é verdade. Não falo de coisas ilícitas como podia parecer. Essas nunca foram a minha praia e mantenho-me fiel à minha caretice. O meu excesso foi sempre com o trabalho. O meu excesso foi sempre querer roubar ao sono para dar ao trabalho. Se pensava que um deles me iria agradecer, agora sei que para ser feliz com um tenho de ser amante do outro e esta é, provavelmente, a relação a três mais tolerada do planeta. Eu, o trabalho e o sono.
Hoje estou ressaca do trabalho. Do excesso a que me sujeitei sem ninguém me obrigar a isso. Estou a ressacar pelo motivo mais sem graça que podia existir, porque, afinal de contas, não há aspirinas para isto e nem cheguei a ter a parte boa de hoje acordar e não me lembrar de nada.





14.2.11

Hoje queria...



Eu bem sabia que havia de voltar para falar deste assunto, apesar do dia ter sido mais ligeiro do que perspectivei.
Não paro de pensar em todos os clichés que queria que fizessem parte da minha vida neste momento. Neste  preciso momento. Tipo, mesmo, mesmo agora.
1. Queria ter saído cedo do trabalho e depois baldado ao ginásio, por ter alguém à minha espera;
2. Queria chegar a casa e não ter de sacar da chave porque alguém do lado de lá da porta a abriria depois de ouvir a campainha (e agora que penso nisso, vejo que nunca toquei na minha própria campainha... estranho vazio que agora senti);
3. Queria "aquele" abraço apertado como se me fosse tirar as forças, ou "aquele" abraço que diz "descansa, agora tomo eu conta de ti";
4. Queria um banho de imersão preparado para dois;
5. Queria vestir uma roupa que ele amasse para passar a noite a elogiar-me com os olhos;
6. Queria ir jantar fora (é o cliché mais cliché mas eu queria na mesma ok?) e depois ir para os copos;
7. Queria dar as mãos;
8. Queria um beijo;
9. Quereria mais beijos com o avançar da noite, porque nada paga uma troca de beijos desgovernada pelo álcool;
10. Queria entrar no carro e sentar-me no lugar do passageiro e ser conduzida em vez de conduzir;
11.  Queria entrar em casa e sentir o calor de dois;
12. Queria deitar-me com uma massagem de avanço;
13. Queria encostar-me no ombro de alguém e deixar as mãos percorrerem-lhe o corpo como se lhe conhecesse todos os caminhos;
14. Queria ter capacidade de amar e de deixar alguém me retribuir.

Hoje apenas queria pequenas coisas que alguém, também hoje, estará a deitar fora por não saber o que é amar. 




O dia da treta tinha que chegar



Eu acho que merecia ter namorado. Mas não tenho. E já que não tenho, então alguém que diga a um destes senhores para me vir buscar pelo braço e me convide para jantar. Não estranhem as opções, sejam tolerantes. Aceito alguns insultos por te dito anteriormente que prefiro homens menos bonitos e depois... esta selecção ter homens bonitos. Eu disse que preferia, mas não disse que era condição.
Cheira-me que ainda hei-de voltar aqui hoje para falar deste dia e das amarguras que me trás, mas, com certeza, não será para falar de nenhum destes senhores, nem de jantares românticos e muito menos de pedidos ao coração.
Hei-de voltar só para me lamentar e para me lembrar o quão infeliz sou por não viver este dia na plenitude da sua foleirice.  E como o blog é meu faço o que eu quiser.



13.2.11

É tudo uma questão de Amor




Not About Love?
Então não? Tudo existe e tudo tem importância por causa do amor. Mas há dúvidas?
Vá-se lá saber o porquê, este assunto atormenta-me todos os dias da vida e perco horas sagradas a pensar nele, mas prefiro não lhe atribuir razão nenhuma para existir e para ser importante.
Certo, certo, é que não sei falar de amor e não percebo nada do assunto. O dia em que entender tudo acho que não vou ter mais a capacidade de me apaixonar porque o mistério se finda. Porque uma coisa sei eu, e sabemos todos, é que as relações arrefecem quando se acaba a magia do desconhecido. Quando a mulher sabe que o homem já não a olha nos olhos para transmitir palavras que são proibidas verbalizar, e quando o homem sabe que a mulher não vai acordar com vontade de o apertar contra ela só porque o corpo o pede... já está tudo descoberto. Para mim não dá. Apesar de ninguém conseguir viver uma relação com as emoções sempre no pico do estímulo físico e intelectual, acredito com toda a convicção (porque ainda não cheguei lá e, portanto, desculpem lá mas atrevo-me a sonhar) que se se começa uma relação por amor e por paixão mútua, ela só pode dar certo.
O problema de desamores que se vê por aí a rodos, tem quase sempre início... no início. Isso mesmo. As coisas acabam por desanimar rapidamente, ou por se tornarem aborrecidas (quando não insuportáveis) porque, no início, as pessoas se uniram pelas razões erradas. E podem ser tantas. Por solidão, por desespero, por sexo (só, só, só - mas depois pensam que são obrigados a manter uma relação) por falta de reflexão. E é aqui que bate a questão: a maioria das pessoas não reflecte acerca do significado da outra pessoa na sua vida. Não projecta essa relação no futuro. Não percebe que não se podem mudar as pessoas para ficarem à nossa medida. Se querem mudar a outra pessoa, então é porque está na hora de mudar de pessoa. Não idealiza a estúpida da rotina - que já é difícil de ultrapassar sozinha, quanto mais com outra atrás - e até que ponto a outra pessoa vai melhorar o que já existe. Porque o começo e a continuidade de uma relação tem de constituir um upgrade na vida de uma pessoa. Porque para "degrade" já bem basta a vidinha como ela é.
Continuo a dizer que não percebo nada de amor, mas sei que o dia em que ele chegar vai ser para sempre, porque no início as contas vão ser muito bem feitas.



Antes de dormir...




Vou sonhar com o James.
Com a sua voz rouca e com a sua beleza insípida. Agrada-me esta ausência de beleza.
Os homens pouco bonitos têm muito mais para explorar e deixam-me mais curiosa.
Sempre gostei de homens pouco bonitos. Não me importo. Assim, não me perco em contemplações à paisagem e posso apreciar com profundidade a sua personalidade.
Os homens feios são mais dedicados, temem mais a perda e por isso são mais fieis, são mais inteligentes porque a beleza nunca lhes serviu de veículo para nada, e melhores gestores das emoções, por tantas vezes as terem ocultado. Tão raras são as vezes que recebem que fazem tudo para retribuir.
A era das pessoas bonitas está prestes a acabar e um dia estas vão dar lugar a todos os "James" deste mundo.




12.2.11

Eu e o ginásio




Para mim ir ao ginásio é como tomar um remédio. É por obrigação. Ponto. Fim de história. Sem romance.
Há 6 anos que ando no mesmo ginásio e tem sido um namoro muito difícil. Acabamos, começamos, acabamos,... ups, mais uma recaída... e acabamos um casal descredibilizadoJá ninguém acredita que eu levo o ginásio a sério e, honestamente, creio que até no próprio ginásio me consideram um caso de insucesso. Mas eu lá vou insistindo. Mas existem algumas condições para eu continuar a frequentar o ginásio:
- Que ninguém meta conversa comigo;
- Que ninguém olhe para mim;
- Que ninguém me faça exigências;
- Que ninguém me critique.
Por isso é simples. Têm de ignorar que eu entro, permaneço e saio.
Mas de há uns tempos a esta parte, não sei se por disponibilidade minha se por à-vontade das outras pessoas, comecei a sentir algumas aproximações e o início de pequenas conversas de circunstância do tipo: "pois lá temos de vir sofrer, não é?". Nem disso gosto, confesso. Não gosto, porque, simplesmente, não gosto de conversas que não vêm de lado nenhum e não levam a lado nenhum.
Mas hoje, dentro do género de conversa de circunstância, aconteceu uma coisa que me amoleceu este coração de aço e betão.
Lá fui pela manhã ao ginásio, cumprir a minha penitência por ter comido um brownie ontem, e procedi àquela rotinazinha típica do despe e veste e bora lá correr.
Vi algumas caras conhecidas (parece que são sempre os mesmos a ir) e meti-me na passadeira, e nos meus pensamentos.
Decorridos nem uns 5 minutos, uma senhora dá-se ao trabalho de parar o seu exercício, vem ter comigo e diz: "Não a tenho visto esta semana por cá. Passou a vir ao Sábado?" e depois mais um blá, blá, blá... e voltou ao seu exercício.
E eu pensei cá para mim: "mas que fofinha ter reparado que eu esta semana me andei a baldar e que este Sábado é mesmo uma excepção".
É isso mesmo. Ainda há quem olhe para os outros. Ainda há quem se dê ao trabalho de dizer ao outro: "dei pela tua falta". Ainda há quem seja simpático só porque sim.
Fiquei tão feliz com este bocadinho de nada! Porque não é nada para muita gente. Mas para mim, que há 6 anos que entro e saio de olhos no chão, isto é das melhores coisas que me podiam fazer.
Se gostei tanto que isto me acontecesse, é porque, provavelmente, está na hora de começar a retribuir.
A partir de segunda-feira vou ser uma mulher diferente e aquele ginásio nunca mais vai ser o mesmo.



11.2.11

A história dos 30



Quando fiz 29 anos achei que tinha o relógio contra mim e que só tinha um ano para realizar um milhão de coisas. Parecia uma sentença de morte que declarei a mim mesma. A frase, que se vinha perpetuando no tempo e na minha cabeça:  "já tenho X anos e ainda não fiz nada", parecia que me ia engolir e cuspir-me na cara o quão falhada era. Eu, simplesmente, não estava a perceber que fazer anos não é uma competição e que não tinha de lutar contra tal certeza. Há lutas perdidas antes sequer de as iniciarmos. Lutar contra os anos? Please... é mais idiota que lamber pedras da calçada da Rua Augusta...
Percebi que é estúpido mentir, relativamente à idade, em qualquer idade, mas é muito mais estúpido pensar nisso aos 30. Quando me diziam que ser jovem é uma questão transcendento-espiritual, eu pensava imediatamente que só me estavam a querer dar um sedativo antes de morrer. Que não me queriam alertar para o precipício que aí vinha para não sofrer antecipadamente. Mas a idade trás sabedoria e as pessoas mais velhas lá sabem o que dizem.
A verdade é que agora, que bateram os 30 (e efectivamente não realizei nada no último ano), já disse dez milhões de vezes a minha idade a toda a gente. Estou orgulhosa de chegar aos 30 jovem de espírito e adolescente de aspecto. Não vou querer ser aquela que aos 50 mente no Centro de Saúde sobre a data do B.I., nem vou ser aquela que se vai importar de parecer ridícula, aos olhos dos outros, por insistir em vestir uma mini-saia rosa-choque aos 70 anos, e quero fazer o pleno quando aos 80 parecer leviana por dançar nos bailaricos todos com o tipo mais novo de 60 anos, sem tirar o sorrisinho tonto da cara. Uma amiga minha acertou em cheio quando uma vez (enquanto eu experimentada um chapéu de feltro de abas a baterem-me na cara) me disse: "vais ser uma velha tão pindérica!". Pois vou! Porque me vou recusar a ficar de sapatos ortopédicos em frente à televisão a ver programas que têm a capacidade de fazer cubos de gelo nos cérebros das pessoas.

Com a entrada dos 30 na minha vida, em vez de ver o funil estreitar-se, corri para a outra ponta do funil e agora vejo como ele se vai ampliando. Tenho uma vida de realizações pela frente que começa agora, e que não poderia ter começado aos 20. Faltava-me qualquer coisa.

Moral da história: Partida. Largada. Corrida. A vida começa agora!



10.2.11

Peúgas Brancas

Hoje fui dar com uns textos que já nem me lembrava que tinha escrito. E tive de me rir sozinha. Não é que isto tem mesmo piada? Pelo menos cá para os meus padrões tem.

Podem ver a totalidade das baboseiras sobre a morte do Michael Jackson num blog que eu e uma amiga fizemos para essa especialíssima ocasião, que foi a morte do Rei: http://peugasbrancas.blogspot.com/


Drogas? Por favor, boatos é que não!

Ontem, nas notícias das 8, todos os canais fizeram referencia ao provável consumo de drogas. Tenho a dizer que para além de insultuoso é absurdo. Como é que se pode, sequer, levantar a suspeita de que ele consumia drogas? Como é que se pode levantar um boato destes quando toda a gente sabe que as drogas é que o estavam a consumir?
Isto não foi mais que um acto suicida por parte da imprensa.
Descredibilizaram-se perante o mundo, perante os fãs e, diria até que, perante o mundo de fãs.
Claro que perante a notícia da demissão do um dos nossos ministros este assunto das drogas não teve muito por onde espremer.
Por mais que tentassem inventar um assunto novo, como a descoberta de um outro planeta, as relações psicotranscendentais de cariz sexual e reprodutor entre o lince Ibérico e o dragão de Comodo, ou a existência de funcionários públicos que não roubam material de escritório, nada suplanta a notícia que dá conta do posicionamento estratégico dos dedos indicadores sobre a testa de um indivíduo com manifesta intenção de passar uma mensagem que nem chegámos a saber qual era.
A malta tem feito de tudo para desviar as atenções da morte do rei.
Ontem disse que bastava cair mais um avião ou morrer o Papa para o mundo se esquecer que morreu o rei (ou fingiu que...) mas nunca me passou pela ideia que um ministro pôr dois dedos à cabeça fosse o suficiente.
Este pessoal da assembleia da república tem cá uma imaginação!
Enquanto isso, amigo das peúgas brancas, terás de te esforçar mais para se continuarem a lembrar de ti amanhã nas notícias.
Só recorrer às drogas não dá!

A co-autora
Branca




9.2.11

Hoje quem manda aqui sou eu!



Amanhã vou vestir as minhas calças azuis e o colete vermelho, pintar o cabelo de louro e bancar a poderosa. Andar aos pulinhos, fazer cara de má, e levantar o nariz como se só existisse o meu.
Amanhã vou ser só eu a andar pelo planeta.



Gosto de ti!

Numa noite que se adivinhava deprimente as conversas surgem de letra solta e o raciocínio flui sem preconceitos. É bom quando o receptor tem a mesma disponibilidade para ouvir, trocar ideias e deixar-se levar pelos caminhos bifurcados e confusos das palavras que se sobrepõem e gritam por ser ouvidas primeiro. Quando sentimos que acompanhamos os outros, e que os outros correm atrás de nós para não perder o ritmo, ficamos estimulados a dar mais. A surpreender e a dar um pouco mais de nós sem medos de juízos. Para mim é fácil fazer confidências quando sinto que há disponibilidade para isso e delicio-me quando me retribuem com histórias nunca contadas por vergonha ou por medo do escrutínio, normalmente, injusto da parte de quem também só é ser humano.
É por isso que abro o peito com quem sinto que é amigo e só procura as mesmas coisas. Andar, cair, levantar, correr, parar de cansaço, insistir por ser forte, desistir porque acabou o mundo. Não fazemos todos o mesmo?
No meio de tanto atropelamento de conversas, e sem fazer contas sobre o que é certo e errado, percebo que as minhas facilidades não são as dos outros. Já sabia disso, claro. Não percebo é a razão de as pessoas se entregarem às dificuldades apesar de reconhecerem que, assim, o caminho se torna mais duro. Há quem se entregue ao sofrimento por pensar que o merece. Conheço isso. Mas pior é quem se sujeita a amar sem o poder dizer. Sem o querer dizer. Nisso sou diferente. Quando amo digo. Quando gosto demonstro. Quando simpatizo facilito. Nisto não tenho dúvidas que sou bem resolvida, ao contrário do que percebi ser a realidade da maioria das pessoas. Não temo desarmar um conflito com um "também gosto de ti". Vou ser sempre aquela que diz no fim de uma mensagem a um amigo "eu amo você :)". Se for do coração vai sair sempre pela boca. Porque quem me conhece sabe que a minha boca e o meu coração são siameses inseparáveis. Se existe um desentendimento doloroso de resolver, mas eu gostar dessa pessoa, não vou desistir de lhe mostrar que o nosso amor vale um bocadinho mais que palavras mal colocadas.
Parece conversa de igreja do dízimo, mas não é. Eu nem vou à igreja, mas até suspeito que por lá não digam claramente que se gostamos de uma pessoa fica bem dar-lhe a saber dizendo, mesmo que inusitadamente: "gosto de ti!
Hoje despedi-me de uma amiga que tem este dilema com um beijo dizendo-lhe "gosto muito de ti. E não há problema nenhum em dizer isso".
Se é tão fácil dizer "não gosto nada de fulano", porque é que dizer que se gosta parece sempre conversa de larilas ou de oportunista?
Eu cá, não tenho problemas desses.
Hoje, por exemplo, lembrei-me que há muito que estou a dever um "amo-te" a uma pessoa importante na minha vida, por isso cá vai: "amo-te meu irmão".




8.2.11

Hoje a coisa não está animada...



Hoje estou deprimida, nas últimas.
Há coisas que me castigam a alma que nem eu percebo porque é que ganham espaço dentro de mim.
Não me deprime a fome no mundo, nem as guerras entre povos, nem o colapso económico, nem as catástrofes naturais. Porque essa não é a minha realidade. Isso está tudo longe de mim. Esse não é o cenário da minha pessoa, e eu não ensaio as minhas falas por esse guião.
A mim o que me deprime são as coisas de todos os dias.
Aborrece-me a rotina. Aborrece-me levantar da cama com o percurso delineado, quase sem pensar se é certo ou errado, sem pensar nas consequências dos passos que dou, por já saber que não existem consequências para as faltas de actos.
Deprime-me saber que ninguém sabe o que faço T-O-D-O-S os dias. Repetindo. Repetindo. Repetindo. Esperando que alguém repare um dia que passo por aqui e por ali, na mesma câmara lenta do costume, com a mesma máscara, e com a mesma falta de alma.
A mim o que me deprime, é que este cinzento que tenho por dentro, possa um dia ver-se por fora. 
Não quero ser essa pessoa que vive dentro de mim. Quero abrir o peito e deixá-la sair.

Deixá-la ir pelas ruas, perdida... sem vontade de voltar, por não saber lidar com tanta felicidade.



7.2.11

E assim começa o "Dias Cães"... Bem-vindos!

Estou lixada, sim senhora!

Uma amiga de infância, daquelas que temos por hábito chamar de "melhor amiga", fez-me hoje uma cena digna de registo.
Talvez seja eu a sobrevalorizar um assunto sem importância mas, nestas coisas, que se lixe a importância: eu é que sei o que sinto e como me quero sentir. e sinto-me lixada, sim senhora!
Então não vai esta jovem festejar o 30º aniversário (e nem vale a pena vir com a conversa da tanga que não festejou os 30 mas a despedida dos 29, porque para mim vai dar no mesmo), convidou as "amigas" e nem se dignou a dizer-me nada?
Parece pouco, mas depressa passa a muito quando eu lhe perguntei porque é que ela não me disse nada, e ela me responde: "Porque, como acabaste de vir de Londres, não tinhas dinheiro para ir ao Porto"...............
Obrigada por seres a minha contabilista particular. Não sabia que tinha, mas obrigada na mesma.
Além disso podia discutir a despesa de ir ao Porto, mas enfim... para isso estão cá outras pessoas mais dadas às contas.
Quando insisto na estupidez de não me ter dito, ainda tem coragem para ripostar: "Porque foi no fim-de-semana e tu estás nas aulas do mestrado".
Mais uma vez, obrigada por fazeres a gestão da minha agenda!
Como, entretanto, já estava a transbordar de irritação, e de indignação por tanta estupidez junta, disse que tinha de ir embora mas, como não bastavam já os murros no estômago, ainda achou bem dar mais uma facada no peito: "Como é que não sabias? Eu escrevi no Facebook"................ Ahhhhhhhhhh...... Facebook............. Pois claro! Pois claro! Bravo!
Pois é minha amiga, como é que não me lembrei de ir ver se tinhas escrito no Facebook que ias fazer uma festa que eu desconhecia que ia acontecer. Que grande estupidez a minha!
Ainda por cima nós conhecemo-nos através do Facebook... há 30 anos... na creche....

Shame on you!