Queimas-me as retinas. Não é a beleza, não é a tua beleza. Há qualquer coisa em ti que ultrapassa a projecção da tua imagem. Há qualquer coisa que fascina o caminho que te antecede. Beleza clássica - incansável de contemplar - os traços rectos, limpos, sem história. Essa ausência de carga do passado iluminam-te de uma maneira não deslumbrante. Congratulem-se os vivos por ainda restar a possibilidade de uma normalidade, que se acredita perdida, ainda se materializar sob forma humana. Raro exemplar de beleza simples. Desenho perfeito do rosto, sem arte nem trabalho. O alcance da tua luz, que não se extingue na tal beleza que não existe, atinge-me na parte de trás dos olhos. As retinas, simplesmente, fundiram-se. Vês bem o poder da tua energia? Trespassas os globos e atinges-me a nuca. Adoro o choque. Esse toque com impacto dentro do meu corpo. Na minha cabeça. Gongos estridentes gritam em mim. Explosões de cores acontecem agora. Soam cânticos ridículos de notas primaveris.
Não vês que o festival dos teus olhos me arrebatou o coração? Não me vês entregue ao teu olhar sem me desviar, sem medo de ser descoberta, por querer correr o risco de me confrontares?
Um dia entregaremos os nossos corpos ao mesmo momento. Esse energia, que agora paira neste espaço que há entre nós, um dia há-de estar dentro de mim. Hás-de ser tu a dar-ma. E o dia em que te renderes a mim e mesclares o teu corpo no meu, vais sentir-te completo e não mais invadirás outra pele. Outra mente. Serás meu, finalmente.
No primeiro parágrafo estavas a projectar? Estavas a falar de ti?
ResponderEliminarBeijo
Estava a falar de outra pessoa. De um homem que me captou a atenção.
EliminarAgora, quando releio este texto, parece-me ridículo.
Estes sentimentos exacerbados parecem agora despropositados.
Já nada me move assim.
Morreu aqui o meu sentimento.
Esse sentimento renascerá. Tarde ou cedo. Espero que cedo, para felicidade de ambos por se encontrarem.
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