Fotografia de Jon Gavin e Texto de Dias Cães para Black Velvet
Foi-se pelo mar adentro,
Como sombras que falecem,
Por entre almas que se perderam.
Foi-se pelo mar adentro,
Como uma dor que não acaba.
Como um tormento e um enfado,
Foi-se pelo mar adentro.
Perdeu-se num desalento.
Caíram lágrimas de sofrimento,
Chorou-se a vida e o lamento.
Sofreram-se perguntas e indignações,
Aramaram-se teias de multidões.
Cortaram-se pulsos,
Tentaram-se segredos,
Foi-se pelo mar adentro.
Morreram-se-lhe os medos.
O chão dobrou-se sobre os pés.
Abriu-se um fosso sobre o mar.
O horizonte findou-se num despertar.
Não mais se avistou um revés.
Foi-se pelo mar adentro.
Morreu sem lamentar.
Entregou-se mar adentro.
Morreu sem esperar.
Mergulhou asas e pensamentos.
Submergiu-se num ritmo lento.
Despediu-se sem ninguém ver.
Não viveu nem quis viver.
Afundou-se num hino frio.
Foi-se morta pelo mar adentro.
Não lutou nem se ergueu.
Entregou-se e não venceu.
A morte pode ser bonita, se escrita desta forma.
ResponderEliminarComo é doce "morrer" no mar!
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