28.4.13

Deixa-me explicar-te uma coisa...





Pablo,

Deixa-me explicar-te uma coisa, meu rapaz:

Não, nós não somos loucos por vocês e chamar-vos "nuestros hermanos" é uma maneira de distanciar o sentimento que se tem, efectivamente, por um irmão. Porque assim em espanhol a coisa não soa tão intima, entiendies?
Deixa-me explicar-te também que, por não sermos loucos por vocês, também não somos apaixonados pela vossa música. Muito pelo contrário. Desde a Lola Flores e do Júlio Iglesias que não pomos os  ouvidos em música nenhuma que venha do vosso lado. Estou-me a lembrar de meia-dúzia de coisas hispânicas que vieram poluir o sossego musical cá da nossa Lusitânia, mas nada que chegue a merecer referência. Decididamente, não somos os maiores amantes nem da vossa, nem da nossa música. Não, nem para nós somos bons. Por outro lado vocês não ouvem nada que não seja produzido e cantado na vossa casita, e fazem muito bem, mas nós por cá até respeitamos a música e não nos aventuramos a assassinar nada que seja feito pelos outros. É que não fica bem, estás a vieri? Dizer "Piedras Rolantes" para nós é uma bimbalhice e rezamos a Deus para os Rolling Stones vos processarem um dia, só assim... por mau gosto.
Por isso meu jovem, deixa-me dizer-te que é verdade, sim senhor, conseguiste um feito histórico.
Impingiste-nos a vossa música. Conseguiste até que deixássemos amantizar o nosso fado com a tua cena. Achámos cool aquela mistura de "deixa-me cá ter um caso com um espanhol" com "canta-me o que quiseres ao ouvido que eu sou surda desde pequenina". 
Parabéns!

Mas querido Pablo, deixa-me dizer-te outra coisa:
Apesar de teres feito história neste país, fizeste ainda mais por mim, mio amiori. Tive uma espécie de catarse quando hoje ouvi esta tua nova música no rádio do carro.
Foi assim um espécie de abri olhios. De riflexion. Perciebiés?
Por momentos perguntei-me porque raio andamos nós a ouvir-te? 
Porque diabos começa a tocar música de casamentos parolos, saída directamente dos anos 90, e nós não desligamos o rádio?
Porque será que não mudamos de estação apesar de sentirmos que estamos em plena Feira Nacional da Agricultura quando entramos no pavilhão das ovelhas, dos cavalos e das vacas com origem espanhola?
Deixa-me explicar-te Pablito que nós não andamos a papar a tua música pirosa porque a adoramos e porque nos cria sensações e emoções que o nosso sistema nervoso central desconhecia.
Nós aturamos-te, querido Pablo, porque tens a cara que tens. Porque és giro que dói. Porque, por cá, o melhor que se arranja é um "bacalhau quer alho" com bigode e nódoas na camisa do molho de fêveras acabadas de entalar numa carcaça.
Porque, por cá, quem tem os dentes todos é rei. E tu, apareceres com essa dentição perfeita e essa pele de quem foi parido por fadas, cheira-nos a promessa de que um dia os nossos homens também vão ser assim.
Um dia... talvez... lá muito longe... Mas fizeste renascer esperanças que julgávamos enterradas.





3 comentários:

  1. Siiiim!!! O Pablo atura-se porque nos apetece dizer-lhe: Ah, si! Si! Si, cariño! :))))

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  2. SI CARINO. SE A TI TE GUSTA A MIM M«ENCANTA!

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  3. Deverias acrecesntar o "baloncesto" e o "balonmano".
    E não, nao ha homens como o Pablo em Espanha. Daí o seu sucesso!

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