23.5.13

Conheces o teu caminho?




O nosso medo não pode superar-nos a vontade de viver.

Não pode ganhar-nos as forças e vergar-nos.
Diminuir-nos e humilhar-nos.
Impedir-nos as pernas de andar.
Tem antes de nos fazer arriscar viver.
Não nos pode prender a um destino que não conhecemos.
A um futuro que não sabemos quando chegará.
Tem de nos deixar descobrir os dias que sucedem dias.
Endireitar-nos, fazer-nos olhar em frente, e andar.
Quando se começa uma viagem não se vê todo o caminho mas confia-se num final.
Sabemos que andamos em direcção a um destino.
Mas tem de se andar.
Tem de se dar passos, acelerar o ritmo, por vezes correr.
E por vezes andar para trás.
Entrar, por momentos, dentro de nós, viajarmos pela nossa cabeça, e daquilo que pensávamos que seria um dia a nossa vida.
Perceber que não tem de acontecer o que imaginámos.
Aceitar que entre o momento que nascemos e aquele em que estamos agora, aconteceram coisas que nos alteraram o depois.
Temos de parar e olharmo-nos como indivíduos capazes.
Primeiro vermo-nos como crianças, sem meios para tomar decisões.
E depois encararmo-nos como adultos e perceber o poder que temos, finalmente, nas mãos.
Temos de olhar para dentro de nós e esquecer os planos que sabíamos não vingar.
Riscar a história que conhecíamos.
Começar uma nova.
Escrever tudo outra vez.
Não recear que também essa história tenha pontos e vírgulas.
Não temer que também essa história tenha um dia de ser corrigida ou apagada.
Aceitar que o caminho tem atalhos, tem curvas, tem penhascos e que, por vezes, é preciso voltar atrás para encontrar o trilho certo.
Não faz mal errar.
Mas é imperdoável nem tentar.

De que temos medo afinal?
Que a nossa vontade não seja maior que o nosso medo?
Que os resultados não compensem o risco e as consequências de se errar?
Que, afinal, o caminho não tenha rectas e termine, sim, num profundo penhasco?

Os mais afoitos viram tudo.
Os que temeram nem saíram do lugar.

Como podemos dizer, então, que nos conhecemos sem nem sabemos como viemos aqui parar?





4 comentários:

  1. A alguns, o medo paralisa. A outros ajuda a avançar.

    R.

    ResponderEliminar
  2. Como diz o povo: «o verdadeiro corajoso é aquele que apesar do medo, avança».
    O medo maior é do desconhecido, da incerteza é, talvez, por isso, que a maioria prefere o «mau conhecido que o desconhecido».
    Eu sou afoita, não me deixo agarrar, não me preocupo nada com os que os outros pensam, será pior arrepender-me do que não fiz, porque nem sequer tentei.

    Beijo grande,
    Ana

    ResponderEliminar
  3. Outro dia me disseram:"Está com medo?Vai com medo.Então,eu vou.Morrendo de medo, mas vou.Bj

    ResponderEliminar
  4. Gostei muito da simplicidade e, simultaneamente ousadia do discurso.

    ResponderEliminar