22.10.13

Cabeças de alho




Sim, voltei.
Duas vezes no mesmo dia.
Hein?!
Duas de seguida não é para todos.
Bom, mas voltei aqui porque já percebi que o dia hoje não vai passar disto, e eu estou farta de tudo e todos e de mim incluída e, portanto, pus-me aqui a pensar nas coisas boas da vida, só para contrariar este estado de espírito (bom de ver que está, que nada vai mudar tão depressa).
E o que me veio logo à cabeça foi de como gosto de comer cabeças de alho assadas no forno.
Ora e porquê?
Não faço a mínima ideia mas creio que fará parte do desconcerto em que vai esta cabeça.
Podia ter pensado noutras coisas, como por exemplo, de como me sinto aconchegada com o licor de dez mon chéris. Tão inocente aquele calor que se instala na parte superior das bochechas. Tão bom.
Também me sinto feliz (durante cinco segundos) quando acordo de manhã, deitada de barriga para cima, e acho que estou tão magrinha e que aquele armazenamento de torresmos que tenho na zona abdominal afinal não passou de um sonho mau.
No fundo, sou pessoa que também encontra felicidade em coisas simples, quase todas ilusões, mas coisas simples.
Mas nada, nada, se compara ao prazer de espremer uns dentes de alhos assados entre os dedos. De levar aquele creme em que se transforma à boca e degustar o seu sabor tão avassalador. A sua textura tão delicada. Há qualquer coisa nos alhos que me transporta para um lugar em que as coisas correm bem.
E, claro está, uma pessoa mete-se a pensar em como uma coisa, aparentemente, tão agressiva e desagradável faz um bem danado à alma e na lição que pode retirar disto.
Não é imediato, demorei um bocadinho a teorizar sobre isto, mas lá cheguei a uma conclusão: se até os sacanas dos alhos me deixam feliz, e a acreditar que há um mundo de coisas que só eu gosto e mesmo assim consigo viver nele, porque é que não consigo transformar outras coisas, igual e aparentemente nocivas, em algo de bom na minha vida?
Descobri nos alhos assados com casca, que da coisa mais mal-cheirosa, se pode encontrar algo que, levando uma reviravolta, nos pode trazer aquele momento de felicidade.
Ainda não sei como é que isto vai mudar alguma coisa neste estado de espírito merdoso em que estou mas por algum lado se tem de começar.

[Que assunto mais interessante este dos alhos]


2 comentários:

  1. À alma e não só. (Alho assado, frito, crú, cozido. É muito bom.)

    R.

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