Eu, estou farta de ser eu.
Sim, já disse isto tantas e tantas vezes.
[Há dias em que me apetecia ser assim, sei lá, a Gina Lollobrigida. Quando era da minha idade claro. Que era boa p'ra cacete, só lhe olhavam para as mamas e não precisava de dizer pão com queijo porque de qualquer maneira ninguém a estava a ouvir. Não precisavam dela para salvar o mundo e, caso ela própria precisasse de ser salva, aparecia meia-dúzia (ou dúzia e meia) de marujos prontos a ajudar. Labirintos psicológicos imagino que também não os tivesse que aquilo deve ser uma linha recta de cérebro que, valha-nos Deus, até deve dar sono, e não digo isto com desprimor, é mesmo com pena de não sofrer do mesmo mal, porque, neste momento, tudo o que eu mais queria, era ter um cérebro em linha recta em vez de parecer um intestino de um porco vietnamita. Estou cansada. A Gina Lollobrigida por esta altura também estará, mas, com a minha idade não estava. Estava viçosa que nem uma alface. E eu hoje, só queria ser a Gina Lollobrigida. Não para parecer uma alface, que já estou lá perto, mas para estar viçosa e, claro está, para não ter de ser eu. Porque ser eu, meus amigos, ser eu, é pior que ser a cama onde a Gina Lollobrigida deu puns a vida toda depois de comer fois gras com espargos braseados (experimentem que vão ver). E é nestes dias, em que não consigo fugir da minha vida mas dou por mim a evadir-me de mim mesma, que penso nestas coisas e penso noutras ainda mais desconcertantes, como o conhecer uma Gina, uma Lolla e uma Brígida. E o mundo é assim. Divertido. Irónico. Redondo. E eu é que ando sintonizada no canal errado ou menos medicada do que devia.]
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