29.10.14

Nas horas do Tejo



No tempo em que nadávamos no Tejo,
Nus,
De alma e de pudores,
Os dedos tocavam a pele,
Na espera dos dias,
Na esperança de encontrar,
A terra desconhecida.

Naqueles dias de desejos,
De incautos olhares,
Tínhamos corpos ofegantes.
As pernas tremiam de insensatez,
As coxas apertavam-se
Desejavam-se,
Molhadas pelo Tejo,
Ardidas pelo amor.

Naquele dia em que nos deflorámos,
Com o Tejo a testemunhar,
Guardámos as horas nele amadas,
Escrevemos recordações,
Acabámos por nos apartar.
Perdoámos o desamor,
O amor que naquelas margens ficou,
As memórias que não foram guardadas.

O Tejo não mais o nosso amor testemunhou.


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