Roberto Falk
Não te sentes só?
Ou sozinho?
Não te sentes muito sozinho?
Longe do que são os outros?
Daquilo que os outros conseguem ser e tu não?
Não te cansas desse vazio?
De viver numa moldura com essa imagem distante, estática?
Não pensas, de vez em quando, em acabar com esse sofrimento silencioso?
Acabar com esse vazio que sentes aí dentro?
Quantas vezes te questionas sobre a razão da vida?
Dessa vida, assim, sem destino nem razão de existir?
Nunca pensaste, por breves segundos que fosse, em conhecer os limites da vida?
De tentar chegar àquele ponto limite em que quase não se pode voltar para trás?
De sentir a ponta dos pés apoiados numa linha muito fina, prestes a quebrar-se, e mesmo assim ficares ali a veres o que dá?
Quantas vezes já tentaste deixar de respirar, aos poucos, para ver o que acontecia a seguir?
Não te apetece conhecer o silêncio que vem depois?
Não sentes paz quando imaginas esse momento de silêncio?
O que te impede de passares o limite e conheceres o que vem depois de libertares o último sopro?
O que é que te impede?
É o mesmo que te impede de viver?
O mesmo que te impede de sair da tua imagem estática para te juntares ao quadro onde está a vida dos outros?
Porque não tentas agora?
Porque não abrandas a respiração, acalmas o pulso e te deixas ir, sem turbulências?
Anda, experimenta.
Pára de respirar uns segundos e não desistas.
Espera até ao silêncio que vem a seguir.
Nesse silêncio compreenderás a vida que deixaste.
Olá Inês! Se convivêssemos diariamente, diria que me conheces tão bem.Parece que escreveste para mim este texto.Lindo.Aliás, como sempre.Beijo.
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