Apetece-me desistir de mim.
Morrer por dentro.
Matar-me.
Experimentar a ida sem volta.
Encurralar-me na eternidade?
Quero apenas o total desaparecimento.
Sem memória.
Com dor.
Com dor saberei que foi verdade.
A morte.
Amanhã vou morrer.
Só te peço a indiferença de sempre.
Não lamentes.
Sei que não lamentarás.
Mas aparece amanhã para o adeus.
Para olhares para mim.
Para o corpo apenas.
Nada mais restará.
Veste-te de qualquer coisa digna.
Aparece para o adeus.
Sem semblante.
De cigarros colados aos dedos.
Já te vejo fumares-me os ossos.
Põe-me um punhado de flores em cima.
Despede-te de mim junto à cova.
Sei que não te agoniarás em dor.
Ficamos por ali.
Sem tragédia nem palavras.
Ficamos por aqui.
Como ficámos sempre.
Obrigada M.
há sempre um poema para cada momento da nossa vida.
ResponderEliminareste vem a calhar.
obrigada.