22.1.13

Desejos para este ano



Resoluções para 2013.
Sim, só pensei nisso agora.


Para este ano quero:


1) Tornar-me fiel seguidora de uma novela da TVI. Não, não estou a brincar. Não papo uma novela há uns anos e sinto que me faz falta entreter o cérebro, sem que este produza qualquer esforço. Uma novela parece-me o ideal.

2) Nunca mais aprender nada. Faz tudo parte do grande plano de deixar de pensar e de dar férias à cabeça. Não me peçam para aprender sequer a jogar ao galo que não vou alinhar.

3) Tentar convencer os senhores da CP e da Rede Expressos que sou a sua melhor cliente e que me deviam dar bilhetes à borla em troca de coisa nenhuma. Só porque sim. Vou propor um cartão de milhas combinado entre as duas companhias.

4) Começar a tomar drogas. De vez em quando uma pessoa precisa de um incentivo para continuar em frente.

5) Fumar a minha primeira ganza (não, não acho que esteja no pacote das drogas). Como já não vou para nova, mais vale fazer tudo agora enquanto ainda me dão a desculpa da idade.

6) Pintar o cabelo de loiro. Bem, talvez não…

7) Ir a uma casa de alterne. Fantasias senhores, fantasias. Não questionem.

8) Conseguir beber uma mini sem a deixar morrer durante duas horas.

9) Atropelar alguém, só para sentir alguma adrenalina.

10) Engatar um miúdo de dezoito anos e tentar convencê-lo de que tenho dezasseis. Só para ir mantendo a moral em cima.

11) Ser barriga de aluguer para ganhar uns trocos. Que foi? Não me perguntam metade do ano se estou prenha? Pelos menos que tenha algum proveito disso.

12) Assaltar uma bomba de gasolina. Não é pelo dinheiro. Não é pelo combustível. Não é pela adrenalina. É pelas pastilhas elásticas fora de prazo que me estão sempre a tentar impingir.





21.1.13

Que morram as mulheres perfeitas





Não consigo ver a felicidade fingida de ninguém. Aquela felicidade de vou-te-esfregar-na-cara-que-sou-feliz-com-a-vida-básica-que-tenho... ou... vou-te-esfregar-na-cara-que-sou-feliz-com-a-vida-fabulosa-que-tenho-fruto-do-meu-imenso-trabalho.
Não gosto de gente feliz. Gentinha. Gentinha daquela que anda atarefada sem pensar na vida porque quem pára, pensa e quem pensa, deprime. Por isso correm muito e são sempre muito felizes nas suas vidas agitadas de super-mulheres.
Não tenho paciência.
Não me apetece fingir que tenho paciência para gajas felizes a fingir. Daquelas que têm maridos e filhos espectaculares, que nunca lhes deram no focinho nem envergonharam com birras no supermercado. Daquelas que recebem dos filhinhos perfeitos, trabalhos feitos à mão nos dias de Natal e da mãe - com todo o amor de quem se dá ao trabalho de colar umas merdas duns papéis com umas fotografias e um dizeres escritos à mão. Daqueles filhinhos e maridos que dizem sempre "amo-te" antes de deitar, enquanto esfregam os narizes como se por cá fôssemos todos uma cambada de esquimós.
Aflige-me aquelas gajas que se realizam na vida porque pintam as unhas de cores da moda e lhes metem restos de guardanapos por cima para se convencerem que estão lindas. As mesmas que falam de roupas, sapatos, cremes e pensos higiénicos, como falariam das rotas de emigração dos flamingos no ano 3025. Monte de gajas infelizes que mandam com futilidades aos olhos dos outros para nos impingirem que estão realizadas.
Deixem-me que vos diga honestamente... não se esforcem mais.
Deixem-se de cenários pindéricos porque o argumento já é farsola que chegue.
Acham mesmo que alguém acredita que vocês são felizes com os maridos que não vos dão uma pinada há três meses, com os filhos inúteis que não vos acrescentam nada, com o cão que vos caga à porta da cozinha, com o empregozinho onde valem zero, com as roupas feias que envergam e com os mil créditos que vos sufocam para manter um determinado nível de vida?
Acham mesmo que não se nota nas vossas caras e nas vossas palavras que estão irremediavelmente infelizes?
Pois acreditem, nota-se a milhas. Nota-se demasiado que estão mortas para que lhes leiam a vida e vos ouçam os gritos de desespero, enquanto dizem coisas bonitas, positivas e cheias de um amor que não têm. Quando "postam" nos Faces e coisas afins, frases profundas que vos dão vontade de chorar e a mim me dão vontade de rir. Filosofias da treta sobre as amizades e sobre quão fiéis são perto dos mete-nojo que vos rodeiam. Vocês são sempre as maiores! Sempre as que têm melhor moral e melhor conduta. Sai uma taça de bom comportamento para a mesa quatro.
Que me desapareçam da frente as que lutaram imenso na vida para ter tudo. Para serem lindas, ricas, com o melhor emprego do mundo, com o carro topo de gama nas unhas, casas aqui, ali e acolá, e viagens a toda a hora. Que a vida para elas foi um sacrifício pegado mas como lutaram muito enriqueceram em menos de dois meses de trabalho e agora são as mulheres imbatíveis que adoram viver e que rezam todos os dias aos santinhos por serem tão boas e necessárias neste mundo de gente pequena perante a imensidão delas.
Puta que pariu a todas. Que vos dê uma grandessíssima diarreia para terem de levar a mão ao cu mil vezes e se lembrarem que vêm e vão para o mesmo sítio que todos nós.
Dão-me nojo.
Podem chamar-lhe inveja.
Mas se não estou feliz estou de trombas.
E se estou feliz é cá comigo.
Máscaras, só no carnaval.
Que morram as mulheres perfeitas que, bem feitas as contas, hão-de ser só duas ou três.



(Isto não é para nada nem para ninguém. Só queria experimentar ser estúpida. E olhem... até gostei.)




20.1.13

A palavra que não se diz





Não é saudade a palavra que escondo de ti.
A palavra que te escondo trago-a como sal por saber que não a queres ouvir.
Guardo-a até ao dia em que me a pedires.

A angústia da palavra que te quero  entregar encerra em si o mais duro dos sentimentos. O maior. Tão maior que engole quem o ousa  abraçar.
Um sentimento que cabe todo dentro de uma palavra, porque a palavra que te quero dizer é pequena. Tão pequena. Tão gigante.
Quando me deixares dizer essa palavra vou querer prender-te os olhos, entregar-te os lábios, e dizer-te essa palavra.
Vou querer suster o tempo.
Congelar aquele momento de silêncio.
Aquele longo silêncio que as palavras pequenas precisam para se fazerem grandes.
Vou querer dar-lhe tempo para a eternizar nas minhas recordações.
Para a fazer viver para sempre por nunca mais a poder dizer.
Não sentes que as letras que compõem esta palavra, te querem sair pela boca numa euforia abafada, num grito mudo capaz de engolir o mundo?

Não?

Eu sei que não.
Eu sei que não a queres dizer.




18.1.13

32



18-01-1981
1+8+0+1+1+9+8+1= 29
29= 2+9
2+9= 11


18-01-2013
1+8+0+1+2+0+1+3= 16
16= 1+6
1+6= 7

2013 - 1981 = 32
32= 3+2
3+2= 5


5+11= 16
1+6= 7


32+11= 43
4+3= 7


7+5= 11

7+5+11= 23

23 <=> 32


Apenas mais um número.






15.1.13

Oh Love!



Porque hoje não me apetece escrever.
Porque há muito que não me apetece coisa nenhuma para além de fechar os olhos e tentar entender as palavras dos outros.




10.1.13

Pessoas daqui




Conheci mais pessoas em 2012 do que nos trinta anos que lhe antecederam, graças ao “Dias Cães” (nada de exageros como se pode ver).
Quando começo a fazer uma avaliação aos efeitos positivos e negativos que isso teve, neste ano e na minha vida, chego a resultados absolutamente distintos.
Conheci pessoas a quem vou chamar de amigos para sempre e conheci pessoas que optei por não incluir, sequer, nos meus pensamentos. Houve de tudo. Bloggers dedicados à fotografia, à escrita, ao erotismo, à comédia; pessoas sem blogs; mulheres e homens; por razões meramente bloguistas ou por pura malandrice. Não temi conhecer quem me quis conhecer. Estou grata à maioria por tomarem essa iniciativa porque, contas feitas, foram mais as situações em que as coisas correram bem, do que aquelas em que ficou apenas a vontade de não voltar a repetir.
Uma coisa foi transversal a todos eles: ninguém é quem aparenta ser nos seus blogs. Terão ficado com a mesma opinião de mim, certamente.
Outra constatação: Aqueles que se transformaram em estrelas da blogosfera são-no por mérito. De facto, os que brilham por aqui, são comummente pessoas incrivelmente inteligentes e educadas (agora apetecia-me desbocar toda e falar de cada um deles e fazer-vos uma inveja do catano).
Não me lembro de ter conhecido um blogger, desses ditos famosos (eu sei que isto dá discussão), que me desiludisse. Por outro lado, muitos patos-bravos foram a desilusão total. Tanta oratória e tão pouco conteúdo…
A primeira pessoa que conheci pessoalmente foi a Sónia. A incrivelmente simpática e amorosa Sónia. Foi a Sónia que teve a paciência de me fotografar e, apesar de nos vermos pouco, mantenho um carinho permanente por ela e uma grande admiração pelo seu talento para a fotografia.
- Sónia, invejo-te a beleza e a juventude de corpo e de cabeça.

A Márcia, é uma leitora que está bem distante, no Brasil. Mas está tão perto ao mesmo tempo. Nunca nos conhecemos pessoalmente mas mantemos contacto por email. Já falámos das nossas vidas, confidenciámos umas quantas coisas e até tive o privilégio de viver a alegria da chegada do seu sobrinho Vitorio ao mundo. A Márcia foi a leitora que me fez pensar nas pessoas com insuficiência auditiva e no impacto que as palavras escritas têm sobre as mesmas. Fez-me dar graças à beleza de poder ouvir uma música. Fez-me estar mais atenta e colocar sempre um link com as letras das músicas que pontualmente coloco no blog.
- Há coisas que não se explicam querida Márcia. Obrigada pela tua presença.

O Jon, esse grande amigo (hoje tivemos um arrufo e por isso me lembrei de escrever sobre isto), também me apanhou pela fotografia. Reconheci-lhe o talento e a amizade em simultâneo. A maior curiosidade na nossa história, reside no facto de nos conhecermos há mais de um ano e só nos termos visto pessoalmente uma única vez. No meu dia de anos, achei que de Évora a Braga era um pulinho, e lá fui eu. Neste ano e qualquer coisa que passou, trocámos correspondência, skypámos muito e parimos um blog juntos. Às leitoras fica o apontamento: o Jon é o maior bonitão que por aqui anda.
- Estás cá no coração para sempre. És único Dear Jon.

A nAnónima, que já não é assim tão anónima, mas permanece envolta em mistério, tanto a personagem como a pessoa real, bem como a história dos nossos encontros e desencontros.
- História engraçada esta… Tem tanta graça que nem parece verdade, não é assim minha querida?

O Noya. O único que me aldrabou. Impostor (não tens vergonha, pá?). Numa noite de verão lá veio de falinhas mansas, num email que me elogiava as palavras do blog e me insuflava o ego e, em menos de nada… já tinha a escova de dentes cá em casa. Deu-me a volta à vida, trouxe-me um nervoso miudinho constante ao estômago e uma vontade imensa de construir um caminho a dois.
- Espero que sejas bom a limpar o pó porque não há cá orçamento para empregadas. E sim, acedo a ter televisão no quarto para veres o Food Channel até à exaustão.

Conheci muitas outras pessoas mas acho que não posso, nem devo, falar de todos. Falo destes apenas porque sei que posso e não me levarão a mal.
Daqueles que não falo mas me apetecia tanto (vocês sabem quem são), não falo para vos manter só meus e preservar os momentos que partilhámos. Um ou outro em particular ficaram registados na memória e na pele.
Outros ainda me estão atravessados pelos encontros que acabaram por não acontecer ou pelos encontros que nunca se irão concretizar e eu gostaria tanto. Talvez um dia aconteça (Ana, gostava muito).

Quanto aos encontros menos felizes não tenho muito a dizer. Não consegui criar empatia ou identificar-me com algumas pessoas mas creio que terá sido recíproco. Não há mal nenhum nisso.
O saldo é positivo.


2.1.13

As palavras que não se lêem



As saudades cruas matam-me os olhos do espírito. 

Cegos de nunca te terem visto, sofrem amarguradamente essa ausência. 
Os pulmões que secam de desgosto, mirraram-me a pele. 
Saudades mortais, de desejo de te ter, sem nunca te ter visto. 
Inexplicavelmente entregue à tua imagem, os meus olhos não se cansam de sorrir as tuas letras.
insensatez a minha de amar quem nunca vi.

Fosses tu como eu e morreríamos.

Morreriam em mim as vergonhas e os dós.
Morreriam as vontades que nunca se consumaram de medo.
Avançaria para ti na segurança de quem corre para uns braços abertos.
Sonharia vezes infinitas que o amor que te tenho também o sentes por mim.
Gracejas neste instante a tolice de te amar esta mulher que nunca te viu.

Derrotada por dolorosas certezas, rendo-me ao fado findo deste amor.
Baixo a cabeça de resignação pelos sentimentos que entre nós não se coseram.
Denuncio a fraqueza desta triste figura que muito escreve mas não se vê.
Aceito-te a altivez de não quereres desmascarar os olhos por trás desta prosa simples.
Esperam-te poesias intrincadas mais além e, porque o sabes, ris agora de mim.
Insensatez a minha de amar quem nunca vi.




26.12.12

O teu coração é de louça




Por vezes o teu coração quebra-se.
Não se quebra de dor. Não se quebra de perda.
Não se deixa sofrer pela ausência de ti mas pela presença sofrida que és.
O meu coração quebra-se também por não conseguir concertar o teu.
Bem vês, bem sabes, que o meu coração se desmancha em cacos de louça triste, quando o teu chora as peças soltas que não consegue concertar dentro de ti.
Queria eu poder colar-te os cacos. Queria eu que esses estilhaços se aguçassem antes dentro de mim. 
Se lançar-me de asas abertas sobre ti te salvasse a vida... Tantos bateres de asas teria eu já consumado...
Quantas peças teria eu juntado...

Mas temo que ao bater as minhas asas contra as tuas, te quebre ainda mais a porcelana fina de que se revestem os teus sentimentos.
Receio bem que, o bem que te quero, te roube aos poucos o ar que precisas para poderes abrir asas e voares sozinho.

Diz-me, meu amor, como posso eu salvar-te dessa infelicidade que alimentas dentro de ti, sem te invadir e tocar o coração?



21.12.12

O Nascimento



Violando os olhos de promessas, cresceram-lhe aflições nas mãos.
Desejando possuir o que não tinha, de dar tudo o que não podia, encharcaram-se-lhe as faces de dores por todos os pesares que não compreendia.
Eram punhados de palpitações em cada fechar de olhos, por não ter o que dar, a quem tanto o merecia.
Atrocidades contorcidas, nas profundezas da consciência que não era sua, gritava de medo e de vergonha por um bem que não podia partilhar. De tristeza atroz por não ter mais o que dar.

Naqueles dias de felicidade, que turvamente assistia existirem noutras vidas, lamentava que estas não fossem a sua e indagava, nos confins dos seus pensamentos, razões para tão grande sofrimento. Questionava-se porque razão o amor que sentia ali não lhe era retribuído no mesmo tom.

Por não encontrar a resposta, aos vinte e cinco dias do último mês debruçou-se sobre si e desejou que a morte a levasse. Não lhe restavam esperanças de abrir os braços e ter mais o que dar a quem tanto lhe deu. Abriu antes as pernas e deu a todos o que com tanto amor criou.
Largou aquele que tinha nascido de si à sorte dos que haviam de um dia muito bem lhe proporcionar. Na noite em que o menino lhe encontrou os braços, ela largou-o ao mundo. Aquele mundo que um dia tudo lhe havia de dar. Mal sabia ela que das maldades desse mundo também um dia a vida lhe haviam de roubar.

No dia em que o menino nasceu o céu pôs-se negro sem que a noite tivesse pousado e a estrela que se acreditou cadente não mais o rasgou.
Acabaram-se os dias, as noites e a vida da mulher que o pariu com amor mas não tinha mais o que lhe ofertar. Entregou-o a quem um dia o amou e logo depois o conseguiu matar.


Quantas pessoas haverão que, querendo dar tudo aos que amam, não mais têm para dar que esse amor que alguns desses abastados desconhecem?