Recuperar rascunhos | 2016 #1
11 de Fevereiro 2013
Ontem fui ao teatro.
Eu já vi muito teatro: bom, mau, assim-assim.
Depois há outros sub-níveis: "Uau, foi o melhor que já vi na minha vida", "Cortem-me os pulsos, porque é que é que eu vim, porque é que eu nasci?" e o "Hmmm, está bem.... mal empregado dinheiro..."
Mas como dizia, ontem fui ao teatro.
E apeteceu-me acabar com a própria vida.
Desculpem meter isto assim à bruta mas o desespero não conhece horas nem momentos oportunos.
Curiosamente (e há um ponto positivo nisto) não me apeteceu acabar com a vida dos atores mas sim com a minha.
O ponto positivo é, portanto, ainda haver qualquer coisa que me faz respeitar quem trabalha nisto do teatro e das artes em geral. (Viram? Até lhe chamei arte).
Algo já me fazia adivinhar que o público a que se destinava era pouco eclético mas nada me preparou para mais de duas horas de monólogos.
Nem a mim, nem a ninguém, a ver pela reação do público no final.
Duas horas de espetáculo? Ou é muito bom, e nem em bom creio ter aguentado mais de duas horas num teatro ou, então, quaisquer quinze minutos são uma tortura.
Cinco pessoas, cinco monólogos.
Não, não eram cinco pessoas a conversar ou a contracenar.
Eram cinco pessoas num palco, sempre em permanência, mas em que quatro assistiam sempre ao monólogo do outro.
Revezavam-se de monólogo em monólogo, de tiro no pé, em tiro no pé.
Dramaturgia e encenação à parte, que não sendo brilhantes tiveram os seus momentos que nos podiam agarrar se, em algum momento nos quiséssemos deixar agarrar, o que não ajudou absolutamente nada mas contribui, p'raí, em 90% para o sucesso de uma peça foi a representação. E a representação, valham-nos os deuses, a representação foi do mais medíocre que se tem visto neste planeta. Com um acréscimo grave: os atores acharem-se a última bolacha do pacote sem se darem conta que o pacote já passou do prazo e está tudo rançoso.
Isto do teatro, como tantas outras áreas da arte, não é para todos e não basta montar uma coisa qualquer, de preferência muito grande para parecer que envolveu muito trabalho intelectual, espalhar uns cartazes e cobrar uns bilhetes.
Nisto do teatro, como em tantas outras coisas da vida, ou se tem ou não se tem.
Agora vou ali picotar os pulsos com pioneses e enfrascar-me em valiuns e já venho.
(vou sonhar com esta porra. merda.)
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