11.4.13

Começar de novo



Há uns anos, quando criei o meu primeiro blog, se houve coisa que tive sempre presente era que não iria tornar o meu espaço no espaço dos outros. Queria um blog para dizer umas coisas (naquele caso divulgar) mas porque, de certo modo, vi num blog uma montra e nunca um lugar para trocar galhardetes: "ora toma lá um post, ora dá cá um par de comentários".
É verdade que essa montra me trouxe algumas oportunidades (e até algum dinheiro) mas sem que nunca precisasse de me desviar do meu caminho e da ideia que tinha para o blog. Na altura era tudo novo neste mundo dos blogs e nem sabia que havia um contador do número de visitas. Não era importante.
Como me canso das coisas com alguma rapidez, deixei esse tal blog, abri outro, que deixei de alimentar algum tempo depois, e voltei a ter outro e por aí adiante até chegar, actualmente, aos treze blogs.
Obviamente que não actualizo todos, ou não faria outra coisa, e o "Dias Cães" é mesmo o mais duradouro e aquele em que mais me revejo e, por isso, o que mantenho mais vivo.
Mas, mais uma vez, e apesar dos muitos anos que passaram e dos conteúdos serem distintos, volto a lembrar-me do primeiro blog, do caminho, da ideia, do conceito, da linha que sempre pretendi seguir: não transformar o meu espaço no espaço dos outros.

É muito fácil deslumbrarmo-nos com isto. Verdade que é. Anos de blogs tenho eu e, mesmo assim, senti-me resvalar muitas vezes na vaidade dos elogios. 
Num dia temos cinco visitas, noutro já temos quinhentas, passamos de um seguidor para uma centena e já nos achamos os maiores. Começamos a pensar que, afinal, aquilo que expomos interessa a alguém. Que escrevemos incrivelmente bem, que abordamos assuntos com que as pessoas se identificam e que todos os dias morrem de ansiedade duas alminhas, à espera que escrevamos algo fabuloso.
No meio deste reboliço dos blogs, em que se começam a criar círculos, em que nos começamos a conhecer uns aos outros, em que se marcam encontros para conhecer os rostos por trás dos computadores e em que aparecem propostas de negócio, publicidade e ganhar projecção, é muito fácil perdermo-nos do caminho.

Por esta altura, em que parei para pensar no primeiro blog, e no que me motivou a criar blog atrás de blog, vejo que este projecto, aquele que mais gosto e mais tem de mim, foi também aquele do qual mais me afastei.
Queria um blog apenas para depositar textos, para apurar a escrita, e dou por mim a escrever para os outros e a dar voz aos outros. Dou por mim a olhar para o número de visitas e para os blogs que me adicionam às suas listas e aqueles que, entretanto, me eliminaram. Vejo-me a perder tempo a pensar nisto quando devia perder tempo a fazer o que bem me apetece.

Nestes tempos, em que muita coisa está a acontecer na minha vida, olho para o mundo dos blogs e vejo que não se está a passar nada.
Isto está parado. Isto está morto.
Mas e a mim, que é que isso deveria importar?
Nada.
Em tempos, fui a rapariga que criou blogs sobre as mais diversas coisas apenas pelo acto de criar. Pelo entretenimento. Por mim.
Nestes tempos, em que poucos são os que voltam aqui para me ler, que ninguém comenta e que ninguém se torna seguidor, em que decidi que nunca mais comentaria outros blogs, sinto que regresso às origens. Ao tal caminho que delineei.

Relendo este texto, vejo que talvez não venha a perceber nada do que escrevo agora, quando o voltar a ler isto daqui por uns tempos, mas uma coisa é certa: escrevo-o para mim. Para me manter no caminho. Para me lembrar que se pode sempre começar de novo.




20 comentários:

  1. e eu, que te descobri há pouco tempo, que nunca te comentei e que, regra geral, não gosto de comentar, hoje comento-te: gosto do que escreves. exactamente porque a imagem que passas para este lado é a de que escreves para ti.
    às vezes identifico-me mais, outras menos, é verdade, mas quase sempre me apetece ler-te!

    obrigada :)

    ResponderEliminar
  2. Eu é que agradeço.
    É bom saber que, afinal, isto ainda parece meu :)

    ResponderEliminar
  3. Passo por cá porque me apetece. :)

    ResponderEliminar
  4. Eu sempre quis um blogue sem comentários ou seja em que simplesmente nem sequer existe a opção comentários, porque assim teria a certeza que estava a escrever por mim para mim e não para outros e pelos outros. Ao comentar em outros blogues comecei a receber feedback positivo e a pergunta do costume porque raio não dava para comentar no meu blogue. Cedi e acedi aos desejos de alguns leitores e lá coloquei a opção comentários. Desde daí o numero de leitores aumentou, porém cada vez mais sinto o meu blogue menos meu, menos intimo e a vontade de escrever cada vez é mais nula.

    Tal como este comentário se ter tornado demasiado longo e agora não me apetecer dar-lhe um fim convicto.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Da outra vez não cheguei a responder mas, Sara Ambrósia é um nome e pêras :)
      Eu vou ver se volto a meter isto nos eixos, para já, deixando os comentários e o email.
      É tudo uma questão de disciplina e eu hei-de conseguir.

      Eliminar
  5. eu passo por cá para ver se tu passas por lá! hehehehe (mentira)
    gosto do que leio aqui,
    não digo isto para te ser simpático.
    acho que tens razão, a blogosfera está meio parada, ou então somos nós que estamos sem paciência para ela e dizemos essas baboseiras.
    Quanto às visitas confesso que nunca as vou ver, nem as fontes de tráfego nem nada, mas não posso mentir que fico desconsolado quando sinto que fico a falar para o boneco. ;)
    beijo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Acho que é um bocado das duas: está parada e estamos sem paciência.
      Sinceramente, já só venho aqui gerir o meu blog e já nem vou ler outros.
      São fases.

      Bjs

      Eliminar
  6. Revejo-me no que disse a BW. Gosto de te ler.

    R.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada R.
      R. de Rui, de Ricardo, de Ramiro, de Raúl, de Raimundo ... (posso continuar a adivinhar?)
      :)

      Bjs

      Eliminar
  7. Eu leio-te para te conhecer melhor :)... mas relax, não é uma cena spooky de stalker.
    bjs

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isto faz-me pensar que já nos conhecemos... não?
      (No mundo real simpatizo contigo, ou nem por isso? Só para ter uma ideia :) )
      Bjs

      Eliminar
  8. Gosto, gosto, gosto imenso do que escreves!! Mas ando sem tempo para vir aqui (sabes bem o motivo). Saudades!! bJS

    ResponderEliminar
  9. Recebeste meu e-mail?Bjs e Saudades.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Minha querida Márcia, sim recebi o email.
      Estou com o problema do costume de ser preguiçosa para responder.
      Desculpa-me (eu sei que desculpas :) )
      As razões para não teres tempo são as melhores por isso fico muito feliz.
      Beijinhos grandes... Daqueles que atravessam o Atlântico.

      Eliminar
  10. Um blog é apenas um blog. Se um dia acabar um mês depois ninguém se lembra de nada. E sobretudo, nada substitui as pessoas físicas, sobretudo aquelas que gostam de ti e de quem gostas. Nessas condições, sim, um blog é muito engraçado.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo plenamente (vá, quase).
      Só não acho que um blog seja apenas um blog.
      Já achei isso mas a necessidade de andar sempre a criar blogs já me fizeram reconhecer que isto deve ter alguma importância para a minha felicidade.
      E sempre é melhor que malhar barras de chocolate :)

      Eliminar
  11. Leio este blog diariamente, embora raramente comente. Sou pessoa pouco dada a comentários. E também não tenho o hábito de seguir nada, sei lá, dá-me sempre a sensação de carneirada. Talvez se se chamasse outra coisa, eu até alinhava. Isto para dizer o quê? Que os leitores invisíveis também existem :))

    ResponderEliminar