[Este post também se podia chamar: "Coisas de que eu não me orgulho mas o meu cérebro não inibe"]
E o meu problema é este:
Porque raio, sempre que passo por um determinado colega meu, me vem à cabeça a palavra: "Punhetas".
"Punhetas"?
Assim, no plural.
Porquê, meu Deus?
Epá, punhetas não é propriamente uma linda palavra.
Será que sofro de uma espécie de síndrome de Tourette interno?
Será que um dia destes o meu cérebro deixa de ser contido e passa a verbalizar palavrões impróprios, em situações impróprias, em alto e bom som?
Será que um dia destes em vez de lhe dizer um "bom dia" lhe solto um profundo "punhetas para ti também!"?
Meus caros, estou com receio disto.
Se eu escalpelizar este fenómeno, posso atribuir de imediato as responsabilidades a esse meu colega que não curto. E não, não são sentimentos recalcados, nem um desejo íntimo por cumprir. Eu não gosto mesmo do fulano.
Mas caramba, também não é nenhum imbecil com o qual eu considere impossível dividir o meu oxigénio. Há outros piores e mais perigosos à sobrevivência da nossa espécie.
O homem não é nenhum atentado à humanidade que mereça que eu ponha em causa a minha saúde mental, o meu discernimento e que me faça duvidar do meu equilíbrio intelectual, só para salvar os outros do seu convívio.
É apenas estúpido e, que eu saiba, as pessoas estúpidas não provocam ataques, convulsões, de Tourette a ninguém.
Mas se a culpa não é da pessoa em questão, de onde virá o problema?
Estava aqui a tentar recordar-me de mais alguma vez que isto me tenha acontecido e, infelizmente... tenho de reconhecer aqui um padrão.
Há outra pessoa que me provoca isto.
E quando a vejo digo sempre dentro da minha cabeça: "Foda-se".
E "foda-se" também não é bom mas é menos pessoal, o que me tranquiliza quanto ao alvo mas, ainda assim, não me tranquiliza quanto ao gatilho.
O "foda-se" pode quase ser um "olá" entre amigos mas, tendo em consideração que eu não gosto da pessoa em questão, nem que viesse toda untadinha em Nutella, também não encontro razão para pensar num "foda-se" quando a vejo, como forma de amizade.
Então porque é que o meu cérebro dispara palavras pouco simpáticas quando se cruza com pessoas de quem não gosto?
Qual é o gatilho afinal?
Hmmm...
Escalpeliza....
Escalpeliza....
Hmmm, talvez comece a entender porquê.
Acho que a razão poderá ser, tão simplesmente, porque não os respeito.
É isso mesmo: o respeito.
E o que distingue as relações de amizade das de ódio, podem ser muitas coisas mas há apenas uma que cria um fosso intransponível: o respeito.
No amor e nos ciúmes a mesma coisa.
No carinho e na repulsa, também.
Tudo se resume ao respeito que sentimos pelos outros ou ao respeito a que os outros se dão.
Porque, pensando bem, até há pessoas de quem não gosto mas respeito e até há pessoas por quem daria a vida mas insistem em não se dar ao respeito.
[E caramba, que comecei a pensar nisto de forma tão divertida e afinal isto afundou-se numa conclusão tão drástica.
Mas pelo menos não é síndrome de Tourette].
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