Há um velho louco que todos veneram que espalha beijos pelas crianças e sabedoria pelos adultos. Que fala sozinho, que fala entre-dentes, e que fala com todas as mulheres e homens que a si se dirigem.
Deambula pela cidade, arrastando consigo apenas o seu corpo e as suas vestes. Não possui casa, nem bens, nem cão, nem comida. Tem-se apenas a si e às suas duas histórias: a verdadeira e a imaginada.
Não depende de ninguém, não aceita esmolas, não espera compaixão. E nunca escondeu não ter nada para oferecer. As pessoas, contudo, acreditam que sim. Acreditam em tantas coisas como a loucura dele também o faz acreditar. As outras pessoas, que não aquelas que habitam dentro dele, mas antes aquelas a quem se desconhecem patologias, acreditam, exactamente, nas mesmas insanidades que ele. Que fenómeno curioso este.
Um homem, um velho homem desabrigado, sem instrução, sem amor a si ou aos outros, sem moral nem alma, consegue impor fantasias e alegorias sobre si a um enorme punhado de gente. Todos acreditam que ele é bom demais para a pouca sorte que lhe coube, que é um injustiçado, um infeliz, um desgraçado incompreendido. Um coitado a quem ninguém chama coitado porque é feio dizer-se o que se pensa. Mas ninguém pensa quão feio pode ser aquele homem que é tudo menos coitado. Todos vêem um mito. Ninguém vê a verdade. Ninguém vê o louco, o doente, o mentiroso. Ninguém conhece o homem violento, desequilibrado e imprevisível que ele poderá ser. É mais tranquilo acreditar apenas no que se vê. Faz melhor à alma ver um enjeitado indefeso que um delinquente que se acobardou com o seu passado. Vive-se melhor assim.
Acreditar na paz daquele velho louco, traz paz a todos os que o conhecem. Acreditar que aquele homem que todos beijam, cumprimentam, com quem conversam e de onde acreditam existir sabedoria, é mais consolador que acreditar na mentira, no engano, na insegurança e no medo que ele representa. Invadir a cabeça das pessoas é perigoso mas real.
Perigoso para quem não quer ver a verdade. Real para quem a sabe manipular.
Acreditar na paz daquele velho louco, traz paz a todos os que o conhecem. Acreditar que aquele homem que todos beijam, cumprimentam, com quem conversam e de onde acreditam existir sabedoria, é mais consolador que acreditar na mentira, no engano, na insegurança e no medo que ele representa. Invadir a cabeça das pessoas é perigoso mas real.
Perigoso para quem não quer ver a verdade. Real para quem a sabe manipular.
No dia em que esse homem abandonar este mundo, e a cidade que diz ter vindo salvar, muitos lhe sentirão a falta no primeiro dia em que se tornar pó. Muitos irão lembrar o homem bom que sabia tudo. O amigo do povo. O único desabrigado. Mas o que muitos outros nunca saberão, é que ele foi apenas, e só, mais um louco que ninguém travou.
Quando uma pessoa representa pra mim, medo, insegurança, mentiras e por aí adiante e única coisa que faço é me afastar dela, e digo mais, acredito que existe por aí mais loucos e PSICOPATAS do que um velho a perambular pelas ruas.
ResponderEliminar