Paula Rego
Passa pouco das nove da noite e aqui estou eu, sozinha, na companhia de um cálice de Porto na mão.
Ou no braço do sofá. Sinto demasiada preguiça para o segurar. Por isso está ali pousado e quando o quero bebericar ora estico, ora encolho, o braço para o alcançar. Talvez, bem vistas as coisas, o esforço até seja maior que aquele que faria se segurasse sempre o copo e o largasse apenas no fim de o acabar de beber.
Nunca saberei. Não vou, tampouco, testar o tempo e o esforço empregue no esticar e recolher o braço para agarrar num copo e voltar a pousá-lo. Teria a variável do peso do Porto que irá, necessariamente, diminuir à medida que a minha degustação avançar. Quanto mais leve o copo, mais ligeiros se tornariam os movimentos, e menos cansada eu ficaria. Mas apenas posso teorizar sobre o assunto. Tudo o resto, o resultado concreto, daria demasiado trabalho a alcançar. Afinal, bem vistas as coisas, não passa de um cálice de Porto que dentro de pouco tempo estará consumido por uma solidão nocturna.
Talvez, e apenas talvez porque essas certezas também demorariam muito tempo a conseguir obter, se o cálice de Porto fosse bebido numa quente e alegre tarde de Verão, este pesasse menos. Ou, pelo menos, cansasse menos, porque me apossaria dele por períodos mais prolongados mas em menores vezes. Ou seja, não o largaria tanto, com a urgência de o beber mais rápido, e isso talvez me cansasse menos.
Mas isto seria apenas um talvez, porque, bem vistas as coisas, analisar as variáveis das coisas que nos cansam, cansa tanto ou mais, que o tempo e a maçada que levaria para as seria analisar.
Ui que isto por aqui não está nada famoso.E que tal beber esse cálice com prazer?
ResponderEliminarÉ que de cansaço em cansaço ainda te vês a morrer:(
Bora lá arrebitar que o caminho é olhar para a frente!
Um beijinho cheio de energia*
Olá,voltei...
ResponderEliminarSó para dizer que,por tua causa,me apetece um cálicezito de Porto!
Então,à nossa:)
Entretanto esmoreci... isto tanto dá alegrias como agruras.
EliminarAcabo de escrever um post onde refiro a Paula Rego e quando o vou publicar, dou de caras com este teu. Nunca tinha visto Paula Rego ser referida nos blogues e de repente isto. :-)
ResponderEliminarEu já tinha mencionado a Paula Rego aqui no blog mas, sinceramente, já escrevi tanta coisa que já nem sei em que post foi. Mas agora até estou naquela de ir procurar.
EliminarL O V E P.R.
Então eu não li esse teu post.
EliminarTambém gosto muito de P.R. e por acaso também de José Malhoa (recomendo visita ao museu de seu nome, nas Caldas da Rainha, é surpreendentemente bom). Escolheste muito bem! (olha, e tomava um copo contigo, um não, dois)